A arte de analisar e entender
De um modo geral, ninguém se preocupa com pequenos detalhes, sem considerar o fato de que, cada um, sempre tem razão em suas opiniões, mas sem defini-las claramente, sendo o “é porque é”, isentas de controvérsias.
Por isso, embora as palavras TAUTOLOGIA, REDUNDÂNCIA E PLEONASMO possam ter uma correlação, têm aplicações e significados diferentes. Mesmo eu não tendo competência “filóloga” para contestar um Houaiss ou qualquer outro dicionarista, tão pormenorizados e detalhistas em inúmeros verbetes, enquanto outros, carecem de esclarecimentos mais amplos. Na minha opinião, qualquer palavra é de extrema importância no detalhe de seu significado. Exemplificar a definição de cada um seria desgastante e longa demais neste pequeno espaço que me é concedido.
Já diz um velho ditado que “da discussão nasce a luz” e acredito que não haja nada mais saudável que o esclarecimento sobre divergência de opiniões, principalmente sobre nossa língua “inculta e bela” tão mutilada.
No “Pequeno Dicionário de Artes Poéticas”, de Geir Campos, “tautologia” é definida como a figura que resulta da repetição da mesma “ideia” sob diversas formas, como na passagem da “Canção do Tamoio” nos Últimos Cantos de Gonçalves Dias, portanto, totalmente diferente das outras figuras:
”Não chores meu filho. / Não chores, que a vida / é luta renhida: / viver é lutar. / A vida é combate / que os fracos abate, / que os fortes, os bravos, / só pode exaltar. “
Assim, cada palavra tem seu significado específico como confirma o próprio Houaiss: “que tem com outra uma semelhança de significação que permite que uma seja substituída pela outra em alguns contextos, sem alterar a significação literal da sentença”. Mas mesmo assim, ele é o único que coloca a figura no mesmo nível das demais, quando – acima está provado – cada uma tem seu sentido específico. Portanto, prefiro ficar com a visão de Geir Campos que dá o enfoque e alcança o que se pretende transmitir, onde não há redundância nem pleonasmo, mas uma “tautologia” exemplificada.
Assim vejo, por que sinônimos não são exatamente de significados idênticos, mas semelhantes – uma palavra nem sempre pode ser substituída por outra sem alterar-lhe o sentido específico – principalmente na poesia. No Dicionário de Sinônimos Melhoramentos, o verbete não entra e em REDUNDÂNCIA consta excesso, exagero, prolixidade, “pleonasmo”. Já no Dicionário de Sinônimos de Fernandes & Luft em TAUTOLOGIA não aparece o verbete, porém, em REDUNDÂNCIA o verbete aparece como sinônimo, quando tal similitude está ausente em seu “Superdicionário”.
Veja como é difícil chegar-se a um denominador comum sobre o perfeito significado de uma palavra. Assim, deduz-se que nossos filólogos são dispersivos ou contraditórios em suas definições, o que vem a ser um crime de “lesa vernáculo”. Acho que devemos combater com muito afinco a mutilação de nossa língua para impedir que falhem até intelectuais, Consideremos, ainda, que a má utilização de uma palavra pode levar um processo judicial à derrocada.
Não quero ser classificado como um “criador de caso”, mas é um hábito de quem gosta de tudo esclarecer com lógica e bom sensor, sem nunca se encostar num “dar de ombros” para qualquer assunto, como é tão peculiar em nosso povo, seja qual o tema abordado e o que empurra o país, de um modo geral, para este estado em que se encontra. jrobertogullino@gmail.com