A celebração da vida

23/12/2018 07:00

Uma vida simples não é uma simples vida, requer a tenaz convicção para resistir às tentações que a ganância, aguçada pela publicidade do consumo desenfreado, tende a aflorar pelo desejo de acumular bens com o objetivo de obter status em um contexto social imerso na futilidade. 

A ostentação da riqueza material é corrosiva, desvirtua a conduta moral de quem se deixa seduzir pelo luxo, pela luxuria. Os casos de corrupção, que a todo instante são estampados nos noticiários, evidenciam a apropriação indébita do erário por quem deseja enriquecer-se, mesmo ilicitamente. Tais atos são praticados, com frequência, por aqueles que se colocam como representantes do povo, mas só pensam em si.

Os roubos, os furtos, geralmente, são consequências da vileza, por isso que muitos que acumulam bens demonstram uma grande pobreza, têm alma e coração vazios. Não é a ocasião que faz o ladrão, nem é o hábito que faz o monge. A cegueira da consciência tem consequências drásticas, não enxerga o direito do outro. E assim não há o devido respeito à propriedade alheia, nem ao bem público. 

A força do vil metal desumaniza, destrói “coisas belas”: irmão mata irmão, coloca filho contra pai, corta laços de amizades…

Gosto do Natal. Gosto deste momento em que há a possibilidade de se estabelecer um clima de confraternização, de reconciliação, apesar de todo o apelo comercial que inunda este período. 

Gosto da imagem simbólica do Menino na manjedoura, expõe a simplicidade de Quem veio ao mundo para amar e mostrar o Caminho, a Verdade e a Vida.

Quando vi a cena de uma Silva, sentada no seu próprio sangue, dando à luz uma criança no chão da recepção de um hospital no Rio de Janeiro, pensei: é mais uma Filha de Deus que nasce desassistida. Cenas que se repetem pelo sucateamento da saúde em nosso País. Essas são as consequências dos desvios de verbas públicas. Será que não há remorso na consciência dessa gente que rouba o dinheiro do povo?

– Pra Dalila, muitos anos de vida! Que a Mamãe do Céu também a proteja!

Hoje como ontem, muitas Marias estão sem maternidade, sem escola para os filhos, sem comida, porque alguns acumulam nos cofres o que deveria ser repartido entre todos. Não há democracia sem justiça social. Quem luta para ter o pão sabe o que é fome de justiça…

 Eu vim lá do Sertão, posso lhe afirmar: vi muitos homens sem ter o que dar de comer aos filhos, sentiam uma dor profunda no peito, mas não pegavam em arma para roubar, por isso digo: a miséria não é a mãe da violência. Muitos mendigos estendem a mão para pedir, mas não roubam. Carregam na sua pobreza a dignidade de nunca ter se apropriado do alheio. Por outro lado, estamos assistindo ao desmoronamento de certos políticos e executivos que construíram fortunas na base da propina, do suborno, movidos pela ganância do poder, do querer ter a qualquer custo, mesmo vendendo a própria alma. Para mim, a maior pobreza é essa fincada na falta de ética e na ilicitude. Quem conduz a vida com o suor do próprio rosto sempre andará de cabeça erguida. 

Muitos afirmam que não acreditam em Deus, mas não podem dizer que Jesus não existiu, pois se trata de um fato histórico irrefutável. Ele passou por este mundo com retidão, tornou-se exemplo de coerência, sem acumular riquezas materiais. É a Referência da humanidade. Mudou a contagem do tempo. Há o antes e o depois de Cristo. 

Gosto do Natal também por esta razão: a humanidade tem a oportunidade de pensar em Quem foi crucificado por servir ao Supremo Bem. “Feliz Natal, caro leitor”! E parabéns ao Aniversariante!


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