A dura realidade

08/12/2016 12:00

Neste momento, escolas, institutos federais e universidades de todo o país permanecem ocupados por estudantes, professores e funcionários destas instituições em defesa do ensino público, gratuito, laico e de qualidade. Essa luta, que já vem de longe, envolve mais de 1200 escolas, universidades e institutos federais de ensino e coloca-se contra o desmonte da educação pública brasileira, cujo objetivo é privatizar o que ainda resta de ensino público no país, implantar o obscurantismo e o fundamentalismo religioso nas escolas e universidades, cercear a liberdade de pensamento dos docentes e evitar qualquer formação crítica dos estudantes, instaurando uma política educacional regressiva digna dos tempos do fascismo.

Mas esta mobilização é também contra a PEC 55, que visa congelar os gastos públicos por 20 anos, especialmente em saúde e educação. Trata-se de uma medida que se não for barrada pelo povo brasileiro nos conduzirá à barbárie, levando o país a um imenso retrocesso no que diz respeito aos direitos duramente conquistados e que agora estão sendo retirados. Este processo torna-se tão mais escandaloso se levarmos em conta que vivemos numa sociedade onde existe uma das piores distribuições de renda do mundo, com mais de 50 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza.

O que a população ainda não percebeu é que não está assistindo a um filme que vai acabar logo, mas à dura realidade que começa a se impor, a de que as medidas que estão sendo adotadas por este governo legítimo e usurpador  tem um claro objetivo, que é o de favorecer e privilegiar uma pequena elite parasitária representada por cerca de 1% da população. Em outras palavras, todo o sacrifício que este governo e Congresso golpistas estão impondo aos trabalhadores, à juventude e ao povo brasileiro, visa apenas transferir os recursos públicos para os cofres dos rentistas e dos detentores do capital por conta da dívida pública.

Infelizmente, aquela que poderia se colocar na linha de frente da resistência aos ataques do capital, a classe trabalhadora, encontra-se desmobilizada e na defensiva. Neste momento, o papel de protagonismo cabe a categorias como os servidores públicos, por exemplo, duplamente atingidos pela crise, pela incompetência e pela arbitrariedade dos governos, cabe à juventude e aos movimentos populares dissociados da lógica reformista e da conciliação de classes.

O capital unificou suas forças para promover seu rearranjo, cabe aos trabalhadores construírem sua unidade para resistir a isso. Se o capital largou na frente, cabe a estes movimentos unificarem a partir de suas mobilizações a luta popular. E os últimos acontecimentos não deixam dúvidas de que isto a própria conjuntura já está tratando de promover.

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