A educação e os presídios

19/01/2017 12:00

O grande educador, antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro, há muitos anos, vaticinou que se os governantes não dessem o devido tratamento ao tema educação, com a prioridade que a questão já merecia àquela ocasião, o que resultaria para o país seria a construção de presídios.

Também, recentemente, o senador Cristovam Buarque, parafraseando o mestre Darcy, completou: “se não construíssem escolas, teriam de construir presídios”.

Assim é que o insigne brasileiro, à época em que viveu, fez deixar fortes marcas não somente na área educacional, destacando-se como estrela de primeira grandeza, como, também, na de político sempre voltado para questões relacionadas ao ensino público.

Em razão da privilegiada inteligência e da extraordinária cultura, foi merecidamente alçado ao cargo de Ministro da Educação durante o regime parlamentarista que vigorou no país.

Ressalte-se, outrossim, que no período compreendido entre 1983-87, o ilustre educador foi vice-governador quando criou e dirigiu a implantação dos Centros Integrados de Ensino Público-CIEP.

Como muitos podem se recordar, tratava-se de um projeto de certa forma visionário, objetivando que crianças tivessem assistência do estado, em tempo integral, mediante o desenvolvimento de atividades recreativas e, sobretudo, de ordem cultural e alimentar.

Darcy Ribeiro tentou alçar à governança do estado do Rio de Janeiro, porém foi derrotado e com ele derrotada, também, a educação, bem como todo o planejamento que por ele fora delineado.

Assim é que fazer alusão à educação é relembrar Darcy Ribeiro como, também, tantos outros brasileiros que lutaram por causa tão nobre.

Tivessem os governantes dado seguimento ao projeto de sua autoria, não estaria o país atravessando esse triste trânse no campo da educação e quiçá, da saúde, eis que ambas se interligam de forma inarredável. 

O que se percebe, através dos deslocamentos por rodovias do estado, especialmente na nossa “tão bem conservada BR-040”, no trecho da baixada fluminense, é que os prédios dos CIEP’S estejam “caindo aos pedaços”, certamente em detrimento da garotada que se viu alijada do plano do educador, sem falar nos professores que se dedicam à profissão, de corpo e alma, às vezes até em condições insalubres e sem receber seus vencimentos, como na atualidade.

Tudo isso a conduzir meu raciocínio no sentido de que os governantes, ao que tudo leva a crer, esqueceram-se das escolas, o que foi lamentável e injustificável; relegaram, outrossim, os presídios a uma situação deplorável, com presidiários amontoados em cubículos, sem qualquer oportunidade de recuperação.

Vale, pois, lembrar o poeta quando escreveu: 

“Grandeza de uma Nação, / livre, forte, consciente, / se mede pela extensão / do saber de sua gente”.


 

Últimas