A face cruel do mundo da arte

15/05/2017 12:50

A atriz Marilyn Monroe, em 5 de agosto de 1962, foi encontrada morta, no quarto de sua casa em Los Angeles, pelo seu psiquiatra. Viveu 36 anos.  Também em Los Angeles, Janis Joplin, no dia 4 de outubro de 1970, foi encontrada morta, em um quarto de hotel, pelo empresário da banda. Viveu apenas 27 anos. Jim Morrison também viveu somente 27 anos. Foi encontrado morto em 3 de julho de 1971, em Paris. 

Também com 27 anos de idade, Amy Winehouse foi encontrada desfalecida no dia 23 de julho de 2011, em Londres. Nesta cidade, no dia 18 de setembro de 1970, Jimi Hendrix foi encontrado sem vida em um quarto de hotel. Também só viveu 27 anos. Até hoje a sua morte é cercada de contradições. Mas, segundo as autoridades policias, ele já estava morto quando o encontraram.

Outra morte cercada de mistério foi a de Elvis Presley. Segundo os biógrafos, a namorada dele o encontrou morto na mansão Graceland, na cidade de Memphis no Tennessee, no dia 16 de agosto de 1977, Viveu 42 anos. 

A morte de Michael Jackson ainda carece de esclarecimento. Faleceu em 25 de junho de 2009, vítima de intoxicação. Foi atendido na sua residência em Holmby Hills, Los Angeles, já inconsciente, pelo seu médico particular. Viveu 50 anos.

Em 11 de fevereiro de 2012, a cantora Whitney Houston foi encontrada morta, na banheira de uma suíte no hotel Beverly Hilton de Los Angeles, por uma integrante de sua equipe. Viveu 48 anos.

George Michael, no dia 25 de dezembro de 2016, na Inglaterra, foi encontrado em sua cama, sem vida, pelo namorado. Nesse mesmo ano, no dia 21 de abril, Prince foi encontrado desacordado no elevador de sua mansão em Minneapolis. Faleceu com 57 anos.

No Brasil, fatos semelhantes aconteceram: Elis Regina, no dia 19 de janeiro de 1982, foi encontrada no chão do seu apartamento, no Jardim Paulista, bairro nobre de São Paulo. Foi levada para o Hospital das Clínicas, mas sem vida. Faleceu com 36 anos. Nessa cidade, na manhã do dia 21 de agosto de 1989, Raul Seixas foi encontrado morto, no apartamento em que morava, pela senhora que fazia a faxina.

No dia 31 de outubro de 1996, João Antônio foi encontrado morto no apartamento onde morava no Rio de Janeiro. O zelador do prédio, depois das reclamações dos moradores por causa do mau cheiro que exalava no corredor, arroubou a porta e encontrou o corpo desse escritor já em um estado de decomposição. Viveu 59 anos.

Caro leitor, não quero cansá-lo citando tantas mortes. Paro por aqui. Não mencionarei os que se suicidaram, nem os que morreram traginante em acidentes. Porém acho necessário esse relato para que se tenha noção da exploração comercial de artistas e escritores falecidos.  Antes do ídolo, é preciso ver o ser humano. O sucesso, a fama, o dinheiro também escravizam e podem levar à depressão e à morte. A perda da privacidade tem alto preço.

Entendo a opção do Belchior de fugir do chamado “show business”. Procurou uma vida reclusa. No dia 30 de abril, esse cantor foi encontrado pela esposa, morto, na casa em que estava morando, em Santa Cruz do Sul. Viveu 70 anos.

A Arte é a face divina do homem: liberta o espírito, oxigena o viver. Não pode ser causa de morte. O que é razão de vida não pode se transformar em substância letal. Chega de ídolos sucumbidos pela sua criação. Chega de heróis mortos por overdoses. Chega de fãs canibais, que devoram a privacidade dos ídolos. Salve a criatura e o criador. Que viva a arte e o artista. É preciso proteger os heróis que não conseguem vencer a lutas travadas dentro de si.

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