A formação de ciclos de festas cristãs: o ciclo da Páscoa

09/02/2020 08:00

As mais antigas e importantes festas cristãs – a Páscoa e o Natal – não ficaram datas isoladas. A tradição cristã logo criou outras celebrações em torno delas, de modo que tanto a Páscoa quanto o Natal – além de serem festas centrais – se transformaram também em datas em torno as quais se formaram ciclos de celebrações.

O primeiro ciclo festivo a se formar foi o da Páscoa. Assim, já no século segundo há notícias de que a festa cristã da Páscoa começou a ser precedida por dois a seis dias de jejum, em sinal de tristeza pela morte de Jesus e seguida por dias de festa, alegrando-se pela sua ressurreição. No século IV introduziu-se no Ocidente o costume do tríduo pascal, ritual este desconhecido no Oriente.

Este tríduo se iniciava na quinta-feira santa à noite, perpassava a sexta-feira e o sábado santos, encerrando-se no domingo da Páscoa. Aos poucos este tríduo foi estendido para uma semana, formando a Semana Santa, iniciando-se com a recordação da entrada de Jesus em Jerusalém (Domingo de Ramos). Também no século IV já se tem notícias da introdução de rituais que seguiam esta festa, a chamada oitava da Páscoa. Nela, por oitos dias, os que haviam sido batizados na noite pascal, participavam diariamente da Eucaristia e eram instruídos na doutrina dos apóstolos.

A oitava da Páscoa se encerrava com o chamado Domingo Branco, pois os que haviam sido batizados trajavam vestes brancas. Estes sete dias de festa após a Páscoa foram mais tarde estendidos para sete semanas, formando assim 50 dias que se encerram na festa de Pentecostes (“pentekoste” = palavra de origem grega que significa quinquagésimo). A festa da Ascenção de Jesus também passou a fazer parte deste ciclo pascal, pois segundo os Atos dos Apóstolos (1,3), Jesus ficou “aparecendo durante quarenta dias”.

Disto resulta que na semana anterior a Pentecostes, festeja-se a Ascenção do Senhor. Também o ciclo de rituais anteriores à Pascoa recebeu acréscimos com o tempo, tendo sido introduzida a quaresma, como período de penitência, recordando os quarenta dias que Jesus jejuou no deserto (Mt 4,2; Mc 1,13; Lc 4,2).

A palavra quaresma advém do latim quadragésima. Para marcar o início deste período de jejum, introduziu-se a quarta-feira de cinzas. A cinza é sinal bíblico de penitência. Com isto, formou-se o ciclo pascal de celebrações conhecido até nossos dias. Ele o mais antigo ciclo cristão de festas e é reconhecido praticamente por todo o cristianismo, sendo festejado com maior ou menor intensidade pelas diversas Igrejas cristãs.

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