A influência dos colonos alemães na formação de Petrópolis

Exposição na Casa da Princesa Isabel, intitulada Coragem e Fé, retrata a importância do povo germânico para a história da cidade

16/03/2023 08:01
Por Aghata Paredes

Quando se fala na influência que os colonos alemães tiveram na formação de Petrópolis é comum que, de imediato, a lembrança da gastronomia alemã venha à mente. No entanto, sem o intuito de desmerecer essa importante herança, o legado deixado por eles vai muito além dos pratos típicos que são sucesso na Bauernfest. 

Na implantação e desenvolvimento da cidade imperial, eles eram exemplos de determinação e sempre respeitaram as condições naturais da região. Com destreza, aliaram cuidado e perfeição nas tarefas que executaram no passado, inúmeras e quase sempre minuciosas. Caminhando pelas ruas de Petrópolis, até hoje, é possível identificar esses trabalhos, nos rendilhados em madeira nas varandas e no modelo do calçamento em paralelepípedos das ruas. Como tecelões e operários, evidente que eles não deixariam os detalhes para trás.

O responsável por sua vinda, segundo registros históricos, foi quem planejou a cidade de Petrópolis. Koeler, em fevereiro e março de 1838, contratou imigrantes germânicos vindos do navio Justine para trabalhar na manutenção e conservação da Estrada da Estrela (Calçada de Pedras). Ao final da obra, algumas famílias se fixaram na região do Itamarati. Além de Koeler e sua família, mudaram-se para cá também seus auxiliares. A maioria de origem germânica. Alguns deles foram Theodoro Marx, o arquiteto que projetou a Casa dos Semanários, hoje Palácio Grão-Pará, João Meyer, Cristóvão Schaeffer, Teodoro Grote e muitos outros. No Virginie, outro navio aportado no Rio de Janeiro, em 13 de junho de 1845, chegaram 161 pessoas a Petrópolis. Na mesma época existiam na região vários reinos como o da Prússia, da Baviera, de Würtenberg e outros. A maioria dos colonos era da região de Hunsrück, na Renânia-Palatinato, onde existia uma integração de culturas. 

Naquela época, Koeler promoveu o assentamento dos colonos em terras agrupadas em Quarteirões e os nomeou de acordo com a sua origem: Bingen, Castelânea (Kastellaun), Ingelheim, Mosela (Mosel), Nassau, Palatinato Superior, Palatinato Inferior, Renânia Central, Renânia Inferior, Siméria (Simmern) e Westfália. Além disso, planejou também duas vilas (Imperial e Theresa).¹

Foto: Divulgação

Exposição na Casa da Princesa Isabel, intitulada Coragem e Fé, retrata a importância do povo germânico para a história da cidade

Para quem deseja conhecer, com mais detalhes, a história dos colonos alemães e da formação de Petrópolis, a Exposição Coragem e Fé, na Casa da Princesa Isabel, é uma parada obrigatória. Em cartaz até outubro, ela é resultado de uma extensa pesquisa e um trabalho extremamente minucioso, construído ao longo dos anos, por artistas de descendentes de imigrantes italianos que chegaram à cidade no início do século XX. 

À frente do sonho de expor o trabalho na Casa da Princesa Isabel, Lorena Bortolotti, artista plástica e escultora, junto de Valéria, Sergio e Henriqueta Bortolotti, outros artistas de sua família, criou um riquíssimo diálogo entre arte, história, pesquisa e papel, e deu vida à exposição que encanta não apenas petropolitanos, mas turistas de diversos países. Com técnicas variadas e uma dedicação inenarrável, os artistas elaboraram e executaram peças e esculturas confeccionadas em papel, modeladas em tamanho natural, em miniaturas e também em grandes proporções. Durante a visita, o público ainda pode percorrer a história de Petrópolis, de maneira resumida, através de textos didáticos, fotografias e referências históricas sobre a formação de Petrópolis e a colonização germânica.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Para ajudar a contar essa história, os artistas deram vida a diversos personagens ilustres da cidade – como Dom Pedro II, Princesa Isabel e Koeler, além das peças que retratam o modo de vida dos colonos alemães. Foram necessários, aproximadamente, dez anos entre pesquisa, elaboração e execução das peças, todas feitas com recursos próprios.

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O nome Coragem e Fé, escolha da artista Lorena Bortolotti,  foi uma homenagem a todos os desafios enfrentados pelos colonos alemães, desde que saíram de sua terra natal até se estabelecerem nesta região.

Foto: Divulgação

Mais informações sobre a exposição podem ser encontradas no Instagram: @coragem.e.fe

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