A invenção de uma máquina de oxigênio

30/03/2021 13:10
Por Pablo Pereira / Estadão

Um respirador artificial autônomo, de cerca de 80 por 40 centímetros e 1 metro de altura, pode suprir uma das lacunas existentes hoje no enfrentamento da covid-19: o abastecimento de oxigênio a pacientes. A máquina, cujo projeto já foi aprovado na Fapesp, está em desenvolvimento nos laboratórios do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), pela equipe do professor Germano Tremiliosi Filho, do Departamento de Físico-Química. “Ligando o aparelho na tomada, você vai respirar com o oxigênio que o equipamento produzir. É importante a gente desenvolver alternativas”, afirma Tremiliosi ao Estadão. “Você só abastecerá a máquina com água. Essa água será transformada em oxigênio. A água sofrerá uma eletrólise, vai se dividir em oxigênio e hidrogênio. O oxigênio vai ser purificado no sistema. Por eletrólise, o oxigênio é bem puro, não tem (elementos) particulados.”

Para ser produzida em escala industrial, no entanto, essa máquina autônoma deverá ser submetida a etapas burocráticas empresariais que levam de seis a oito meses. “Precisamos abrir uma empresa”, afirma o inventor. O restante está pronto. “Funciona”, diz ele.

O novo equipamento poderia auxiliar no suprimento de oxigênio em comunidades isoladas, pois uma das dificuldades de logística no transporte ocorre porque os cilindros com o insumo são muito pesados – as paredes de aço são muito espessas para conter a pressão do gás. Para o pneumologista Paulo Feitosa, da Comissão Científica de Doença Pulmonar Avançada da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a ideia é ótima. “É um ventilador que faz as duas coisas ao mesmo tempo: além de produzir o oxigênio, ventila. É de grande valia.”

Ele diz que a natureza oferece no ar 21% de oxigênio e 78% de nitrogênio. “Produzir oxigênio significa filtrar.” Processo. Em material distribuído pelo Conselho Federal de Química, Tremiliosi Filho detalhou o processo de obtenção do oxigênio.

Segundo ele, o processo tem início abaixando a temperatura do ar a menos 200 graus Celsius. Depois, esse ar líquido vai sendo aquecido lentamente. “Como o oxigênio, o argônio e o nitrogênio têm pontos de ebulição diferentes, eles vão sendo liberados em diferentes etapas durante o aquecimento”, explica o pesquisador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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