A lavagem da alma

24/09/2017 08:00

Posso afirmar que o Brasil nunca mais será o mesmo: o advento da lava a jato teve o condão de ser um marco histórico na luta contra a corrupção, desvios de dinheiro, quadrilhas públicas e privadas, bandidagem empresarial e política. Uma depuração que está sendo levada a efeito de forma necessária apesar das imensas forças contrárias.

Não me admiraria se um de nossos Tribunais Superiores, alegando e acolhendo questões técnicas de ordem menor, não venha a prejudicar um todo sobejamente maior, já que o confronto a esta nova ordem jurídica de assepcia incomoda egos, vaidades e mexe com temores escusos e recônditos e incontáveis interesses pessoais e políticos.

Poucos se deram conta da importância das declarações de Lula em seu último depoimento ao Juiz Moro, quando ele afirmou que "Palocci, se não fosse um ser humano, seria um simulador, ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade". Esqueceu Lula de que Palocci foi um dos fundadores do PT, ex-ministro da Fazenda em seu primeiro governo, tendo sido o fiador de uma política econômica junto ao empresariado antes da eleição, e ex-ministro da Casa Civil do governo Dilma. Não bastasse isto, amigo fraternal e homem de confiança de Lula por 30 anos. Então temos uma descoberta tardia de Lula? Não. O que temos, nada mais é do que uma tentativa desesperada de salvar a própria pele, sem remorços de colocar ex-companheiros na fogueira. Lula é sobejamente conhecido por deixar companheiros pelo caminho, abandonados à própria sorte.

Essa varredura de catervas já nos propiciou a prisão de empresários cuja importância seria inimaginável esperar-se tal, donos e/ou acionistas das maiores empreiteiras do País, empresários, governadores, senadores, deputados. As primeiras condenações já são um alento. Esta semana Sérgio Cabral somou mais 45 anos às penas que terá de cumprir. 

Para aqueles que pensam que a lava a jato já cumpriu seu papel e que nada mais tem a oferecer, digo que aguardem pacientemente, pois ano que vem é ano de eleição e nenhum nome está plenamente garantido. Pesquisas a um ano do pleito, mostram apenas tendências e não sinalizam certezas; até mesmo os nomes postados nas enquetes são meras especulações. 

Sempre prego da importância de se olhar a floresta e não só as árvores. Mas o que tenho visto é que estão sendo dadas imedidas importâncias a arbustos. A lava a jato está sendo a nossa lavada de alma e precisamos acreditar que chegaremos com a alma ao menos um pouco mais limpa em 2018.

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