A luz do Natal

25/12/2022 08:00
Por Ataualpa Filho

Gosto do Natal. Gosto deste momento em que há a possibilidade de se estabelecer um clima de confraternização, de reconciliação, apesar de todo o apelo comercial que inunda este período. 

Gosto da imagem simbólica do Menino na manjedoura. Expõe a simplicidade de Quem veio ao mundo para amar e mostrar o Caminho, a Verdade e a Vida.

Uma vida simples não é uma simples vida, requer a tenaz convicção para resistir às tentações que a ganância, aguçada pela publicidade do consumo desenfreado, tende a aflorar pelo desejo de acumular bens com o objetivo de obter status em um contexto social imerso na futilidade. 

A ostentação da riqueza material é corrosiva, desvirtua a conduta moral de quem se deixa seduzir pelo luxo, pela luxúria. Os casos de corrupção, que a todo instante são estampados nos noticiários, evidenciam a apropriação indébita do erário por quem deseja enriquecer-se, mesmo ilicitamente. Tais atos são praticados, com frequência, por aqueles que se colocam como representantes do povo, mas só pensam em si.

A miséria é milenar, existia antes de Cristo e continua crescendo depois de Cristo, porque é produto da ação humana. Os roubos, os furtos, geralmente, são consequências da vileza, por isso que muitos que acumulam bens demonstram uma grande pobreza, têm alma e coração vazios. Não é a ocasião que faz o ladrão, nem é o hábito que faz o monge. A cegueira da consciência tem consequências drásticas, não enxerga o direito do outro. E assim não há o devido respeito à propriedade alheia, nem ao bem público. 

A força do vil metal desumaniza, destrói “coisas belas”: irmão mata irmão, coloca filho contra pai, corta laços de amizades…

O Natal, para mim, consiste em cada dia do ano. Todo dia, nascem filhos de Deus em manjedouras, debaixo das marquises, nas zonas rurais, nos centros urbanos. Por isso, ainda acredito em Papai Noel, em Mamãe Noel. Existem homens e mulheres que se doam no resgate da dignidade. Existem muitas Marias com filhos perseguidos por Herodes. Existem muitos Josés que trabalham no silêncio para manter a família, além de protegê-la na resignação de quem conhece o peso da missão a cumprir. O carpinteiro José exerceu a paternidade com retidão e resiliência, sabendo que educava na condição humana o Filho de Deus.                 

Gosto do Natal, porque nos permite enviar mensagens de paz a amigos e parentes que se encontram distantes. É bom lembrar e ser lembrado. Quando a computação não era assim tão acessível, a Empresa de Correios e Telégrafos recebia imenso volume de correspondência com mensagens de felicitações natalinas para levar às residências em tempo hábil. Os carteiros trabalhavam muito. É bom receber mensagens de alguém distante, mas que está presente na lembrança…

Fazer o bem faz bem. Rejuvenesce a autoestima, revigora o músculo coração, além de ser um “santo remédio” contra a depressão, pois a pessoa encontra, dentro de si, algo que possa levá-la a uma ação solidária. E, por meio desta, é possível descobrir que viver vale a pena.

Quando as ações são realizadas no expresso sentido da palavra caridade, não se pensa nas retribuições. Ao fazer o bem, não se olha a quem. 

Nem sempre são os mais pobres que precisam de caridade, pois esta não se restringe ao suprimento de bens materiais. Há um número muito grande de pessoas, embora tenham um privilegiado poder aquisitivo, estão mergulhadas em depressões, distantes da felicidade. Não têm a alegria de viver, pois não encontram paz dentro de si. São dependentes dos antidepressivos, quando não entram no mundo das drogas ilícitas.

A paz interior traz o equilíbrio emocional. E essa paz tem as suas raízes no amor. Não precisa ser cristão para amar. O amor é inerente a todo ser humano. Mas ninguém pode dizer que é cristão sem amar o próximo. E a fé sem caridade é inócua. 

Neste período natalino, as residências, as ruas, o comércio, as praças ficam mais iluminadas, porém a Luz que veio ao mundo, que é a razão do Natal, não se apaga. Quem A segue não anda nas trevas, porque é iluminado pela Misericórdia que vem do Supremo Amor. 

Vamos parabenizar o Aniversariante. Se alguém deseja presenteá-Lo, basta acolher uma pessoa carenciada, seja criança ou adulto. Natal é a presença da Luz no mundo anunciada por João Batista. O verbo se fez carne e habitou entre nós! Iluminado é o coração que O acolhe.

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