A mudança

21/10/2018 11:55

O que para muitos é compreendido como uma guinada à direita do eleitorado brasileiro,  vejo sim, uma parcela majoritária da população, uma fatia maior da sociedade cansada de uma corrupção endêmica, a abraçar decisivamente a causa da moralidade pública. Não há amarras ou rótulos presos a uma ideologia. É um contra fluxo à vileza da velha política. Esta transformação não foi percebida por nenhum instituto de pesquisa e pegou de surpresa muitos cientistas políticos que não souberam fazer a correta leitura do momento. Políticos que fizeram um bom trabalho nas redes sociais, obtiveram um resultado extremamente melhor do que os que ignoraram o peso da internet.

Um claro exemplo desta incompreensão é o PSDB, que de terceiro maior partido caiu para a nona posição; que sem ideologia, sem bandeiras e sem credibilidade, errou em ignorar todos os sinais, que se iniciaram em 2013; não fez, nem mesmo, uma leitura diagonal do presente momento, deu as costas à sociedade e repetiu-se nas práticas desgastadas e arrogantes. Um partido bêbado que agora precisa se curar do “porre” e, baixada a poeira, se reinventar. Os maiores partidos pagaram um preço caro, por ameaçarem a lava-jato, por tentarem minimizar a corrupção, por enterrarem as 10 medidas contra a corrupção, por inocentarem a chapa Dilma/Temer, por garantirem ao STF a libertação de corruptos a torto e a direito e por se apropriarem de 2,6 bilhões do fundo partidário para se manterem no poder.

Note-se, por oportuno, que o PT caiu de 69 para 56 deputados federais, (ainda é a maior bancada, seguida de perto pelo PSL com 52), o MDB caiu de 63 para 34, o PSDB caiu de 49 para 29.  Mas, para aqueles que não compreenderam ainda, o maior partido do País é o “antipetismo”. A tão almejada reforma política, protelada pelo congresso como auto-proteção corporativa, iniciou-se nas urnas, mandou para casa muitos velhos “coronéis”: Waldir Raupp, Eunicio de Oliveira, Cássio Cunha Lima, Chico Alencar, Miro Teixeira, César Maia,  Lindbergh Farias,  Cristóvam Buarque, Magno Malta, Roberto Requião, Romero Juca, Garibaldi Alves Filho, José Agripino Maia, e Edson Lobão, além da família Sarney com Roseana e Zequinha.

Não menos importante registrar também, a resposta nas urnas, dada a leniência do Supremo em não cassar os direitos políticos de Dilma Rousseff, que os eleitores, em resposta, cassaram nas urnas.  Uma grande parte destes, agora sem foro privilegiado, poderão ser investigados e processados na lava-jato. Mais uma vez fica patenteado que a política está muito longe de ser uma ciência exata e quando seus caciques se baseiam e se utilizam de velhos almanaques são alijados do poder. Temos agora uma semana, para uma nova grande decisão e a se repetir a vontade do povo pelo novo demonstrada até aqui, vencerá o maior partido : o “antiPT”. Ter mais do mesmo é tudo o que os brasileiros não querem. Há muito tempo venho alertando, quem acompanha meus artigos bem o sabe:  a velha política está moribunda… só os dinossauros políticos não perceberam.

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