20/jan 08:00
Por Afonso Vaz

O nome Carolina, sem dúvida, induz à poesia e à literatura.

Em Petrópolis, nesta cidade querida, destaca-se como jornalista e escritora, sendo a mais jovem integrante da Academia Petropolitana de Letras, Carolina Freitas.

A propósito desta última, já escrevi a seu respeito em razão da beleza como faz descrever o comércio de nossa cidade ao tempo de inúmeras empresas que já não mais existem, relatando-as com total perfeição e esmero.

Todavia, a poeta Carolina a quem dedico estas palavras, in memorian, trata-se de Carolina Azevedo de Castro.

Nascida em Recife, PE, a 27 de outubro de 1909, casou-se com Francisco Corrêa de Castro, bancário, que prestou valiosa colaboração ao Banco do Brasil, tendo desempenhado suas atividades no prédio então situado à Rua do Imperador, esquina com a Rua Alencar Lima.

Prazerosamente, gostaria de fazer alusão a inabalável amizade que uniu nossas famílias no transcorrer de mais de vinte anos.

A verdade é que a vida traça diferentes caminhos para as pessoas e com D. Carolina não foi diferenciado, eis que a família mudou-se da bela vivenda em que residia para viver no sul do país.

Junto ao marido e os filhos Edna, Vera e Hélio, nesta terra sempre respeitada e homenageada por força de suas meritórias atividades culturais que constantemente fazia promover.

Foi em Petrópolis que deu inicio aos nunca olvidados Jogos Florais de Petrópolis e bem assim os Encontros dos Trovadores patrocinados pela então “Câmara de Dirigentes Lojistas”.

A poeta Carolina Azevedo de Castro, em razão da sabedoria como, também, da delicadeza e sensibilidade que escrevia seus sonetos e trovas – criatura eminentemente lírica e filosófica – acabou por presidir o Grêmio Brasileiro de Trovadores, após intitulado União Brasileira de Trovadores – UBT, Seção Petrópolis.

Pelo valor e extrema dedicação, especialmente relacionada à trova, quedou vencedora de um sem números de concursos de trovas e de jogos florais o que ocorreu, outrossim, fora do país, como em Portugal e Angola.

Foi autora dos livros “Plumas ao Vento” e “Imagens que Ficaram, obra póstuma.

Com relação a esta última faço questão de reproduzir o que escreveu a filha Vera no prefácio que fez assinar:

 “… Carolina declinava amiúde da honra que lhe faziam os microfones disponíveis, repórteres e fotógrafos, fazendo-se sempre substituir por terceira pessoa, a quem delegava poderes para falar a seu respeito, vitória conquistadas e méritos pessoais”.

E encerrando, completa: “Estes eram a sua pequena vaidade, se assim podemos chamar, e os colecionava cuidadosamente”.

Do livro “Imagens que ficaram”, o que se segue:

Da nossa vida, em todos os momentos,

unidos na tristeza ou na alegria,

não devemos temer os sofrimentos,

porque a força do amor tem primazia.

Assemelham-se nossos sentimentos

na bondade, no afeto e na harmonia.

Não existem, portanto impedimentos

que não sejam vencidos dia-a-dia.

Por este mundo seguirei teus passos,

em direção do mesmo fim da estrada,

sustida pela força dos teus traços.

Que nos importa o que vier depois?

Nossos filhos serão, nesta jornada,

o traço de união entre nós dois”

O professor e acadêmico Paulo Cesar dos Santos no livro “Poetas Petropolitanos”, focalizando Carolina Azevedo de Castro, não deixou de relembrar a poeta com duas de suas trovas, dignas de serem aqui transcritas.

“A honra é assim como a neve,

de uma alveira imaculada.

Por isso mesmo não deve,

nem de leve, ser tocada.

“Amor! São quatro letrinhas,

quatro apenas… Ninguém diz

que podem fazer sozinhas,

o mundo inteiro feliz.”

Sem nunca haver nos esquecido da família Corrêa de Castro, por isso mesmo deixo aqui consignado, mais uma vez, a nossa mais pura e singela homenagem, especialmente para aquela que partiu de Petrópolis para residir com a família em Curitiba, deixando-nos, para planos superiores, em 31 de agosto de 1977.

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