A saída da crise passa pelas micro e pequenas empresas

19/04/2021 18:23
Por Vinícius Farah

As micro e pequenas empresas são a força motriz do Brasil. Elas representam 99% de todas as empresas brasileiras, geram quase 30% das nossas riquezas e são responsáveis por 55% do estoque de empregos formais. Nesse momento de crise sem precedentes, provocada pela pandemia do coronavírus, não há dúvidas que elas terão papel fundamental para o país retomar o caminho do desenvolvimento. 
Alguns setores foram praticamente dizimados na pandemia, como bares, restaurantes, eventos, cultura e turismo. Eles tendem a se recuperar na medida em que o ritmo de vacinação se acelerar, mas, em alguns casos, não se trata de  recuperação, mas de ressuscitação. 

Foram inúmeros os estabelecimentos – alguns deles pontos tradicionais, com décadas de existência – que não resistiram à crise e fecharam as portas, deixando um vazio não apenas no que se refere aos empregos destruídos, mas também à memória afetiva de milhares de cidadãos fluminenses. O Estado do Rio hoje ostenta o maior índice de desemprego da região Sudeste: 1,5 milhão de pessoas, segundo o IBGE, se encontravam desempregadas em março de 2021.Por isso tudo, é hora de unir esforços para criar políticas públicas de geração de renda e empregos – e isso tem que ser feito localmente, com o olhar municipal – num trabalho em conjunto com o Estado, municípios e a sociedade civil organizada, dentre as quais destacam-se entidades como Sesc, Senac, Senai e Sebrae. Como? Implementando medidas que promovam o acesso ao crédito, à melhoria ambiente de negócios, à simplificação de regras e à  desburocratização, como fiz quando fui prefeito de Três Rios (2009-2016) com a Casa do Empreender e inúmeras outras iniciativas que levaram Três Rios a receber mais de duas mil novas empresas e gerar mais de 11 mil empregos em oito anos.   

O Rio tem enormes potencialidades regionais, que vão muito além da indústria do petróleo. Esta continua sendo a base da economia fluminense, responsável por 15% do nosso PIB. Trata-se, porém, de um setor extremamente volátil aos humores internacionais, além de se basear no extrativismo de um recurso natural finito. Inexoravelmente, amanhã ou depois a matriz energético do mundo vai mudar para energias limpas. E como viveremos sem os royalties? Sem a Petrobras? É urgente diversificar e os esforços devem estar concentrados naquelas áreas com alto poder multiplicador.  

Estudo elaborado pela Firjan em 2020 mostrou que a injeção de R$ 1 bi na construção civil fluminense, por exemplo, geraria um impacto positivo de mais R$ 1,2 bi na economia, com geração de empregos em seis diferentes setores:  da metalurgia à indústria cimentícia, passando por transporte e serviços. 

Atividades de alta empregabilidade, como a economia criativa e até mesmo a silvicultura, precisam ser priorizadas, assim como a chamada “economia do mar”, que vai da construção de navios e lanchas às atividades pesqueiras e de turismo em iates.

Sem contar o potencial da Saúde, ainda mais depois que a pandemia demostrou a nossa vulnerabilidade e a necessidade de criação de um Complexo Industrial capaz de nos dar segurança nessa área, garantindo nossa autonomia e soberania. 
Não é admissível que não sejamos capazes de encontrar sinergias e avançar num estado com as potencialidades do estado do Rio de Janeiro e a capacidade de trabalho do povo fluminense. São nas grandes crises que as soluções são criadas. Vamos a elas!

* Vinícius Farah é deputado federal pelo MDB-RJ.

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