A Taça Jules Rimet

10/07/2018 12:45

As Seleções Brasil e Bélgica me reportaram ao ano de 1958: nosso primeiro campeonato mundial. Aos 9 anos, a vida era leve e descomprometida. Época do 3º ano primário. Durante as aulas de geografia minha Profa. Sebastiana do Carmo nos apresentava o globo terrestre e utilizava o mapa do Brasil, apontando-nos ao Estado de Goiás e dizia: “prestem a atenção! Aqui no Planalto Central está sendo edificada a nova Capital do Brasil, seu nome será Brasília!” E nós guardávamos essas palavras. Em 1960 veio a inauguração.  A notícia veiculou a passos lentos porque não havia tanto avanço nos meios de comunicação, muito menos no telejornalismo, ainda mais lá na zona rural. Nossos pais nos falavam das notícias lidas nos jornais, revistas e rádios. A figura do Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira manteve-se viva em nós. Lembro-me da mudança da Capital Federal, confiada ao Rio de Janeiro por 197 anos. Contavam dos bons tempos trazidos aos trabalhadores. Cinquenta anos em cinco! Brasília da arquitetura arrojada, brotada das mãos e privilegiada inteligência de Oscar Niemeyer e contando com a arte e o bom gosto do urbanista Lúcio Costa.  Conheci o Aterro da Glória. Nesse ano ouvi pelo rádio algumas partidas de futebol ao lado de minha irmã Eremita e da prima Neuza, mas nada de muita laúza ou matinada. Tio Pedro não permitia algazarra. Pelé, Zagalo, Garrincha, Belini, Newton Santos, Vavá, Didi estrelavam. À ocasião Yeda Maria Vargas foi eleita Miss Universo l963. E Martha Rocha nos anos 50, foi impedida de ser eleita a Miss Universo, tudo por causa de 2  polegadas a mais. Ano em que recebemos a Imagem Peregrina de N. Sra. de Fátima que percorreu todo o Brasil.  Dia 31 de março e 1964. A Revolução.  Assistimos através das vidraças de nossas janelas a passagem das tropas compostas por centenas de soldados e oficiais, canhões, fuzis e imensa artilharia à caminho de Juiz de Fora e BH. Os arredores de nossa casa eram repletos de árvores frutíferas. Serviram de abrigo ao grande número do contingente que ali transitava. Descansavam, faziam suas refeições, conversavam conosco e até nos obsequiavam com doces e deliciosos sanduiches. Oferecíamos água aos Recrutas e a seus Oficiais, sem a mínima noção do que estava a ocorrer no País àquela altura. Éramos adolescentes entre 10 e 14 anos. Ainda bem. Período das mudanças que o Concílio Vaticano II sob o pontificado do S. S. Papa João XXIII imprimiu para o bem da Igreja. Meu secundário no Colégio Ruy Barbosa, de Três Rios foi seguido dos cursos Clássico e Contador e preparativos para o vestibular. Célio, astro máximo do Conjunto Azteca, dividia comigo o tempo entre a música e os estudos já que vislumbrávamos vôos altos aos bancos universitários. Assisti vários de seus Shows, inclusive o “Made in Brazil” com a participação da Miss RJ Josemery Vasconcellos, a 4ª no certame Miss Brasil de 1968, ano que elegeu Martha Vasconcellos Miss Brasil e Miss Universo. Anos 60, florescimento da Bossa-Nova:  Roberto Carlos, Erasmo, Wanderléia, Caetano, Gil, Gal, Bethânia iluminados por Vinicius, Tom Jobim, Toquinho…E os programas que iam ao ar através da Rádio Nacional comandados por César de Alencar, Paulo Gracindo e Cesar Ladeira? Tempos áureos de Ângela Maria, Emilinha Borba, Marlene, Dolores Duran, Adelaide Chioso, Dalva de Oliveira, Nora Ney, Cauby, Jorge Goulart e Ataúfo Alves. E o Balança, mas, não cai? O horário da Ave-Maria pronunciado por Júlio Louzada. Lembranças cristalizadas em saudade.


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