A trajetória da vida

22/05/2019 12:00

Chegamos a este mundo em virtude do incomensurável amor provindo de Deus, aliado à união de dois seres especiais, mãe e pai.

Neste importante momento em que a vida floresce, o bebê é a figurinha mais bela e cara não só para os pais, como avós, parentes e amigos próximos.

O pai, por sua vez, poeta e não perdendo tempo, escreve: “Torna-me, ao peito, a ventura, / e até me volta a esperança, / sempre que vejo a doçura /  nos olhos de uma criança”./

Todavia, todos nós temos longos caminhos a serem percorridos; chegamos a estas paragens e crescemos sob a vigilância dos pais, acabando por atingir o momento no sentido de nos dedicarmos aos estudos objetivando eleger uma profissão, já que ultrapassados os primeiros passos na escola de base, e mais, que em decorrência da escolhida possamos ser úteis a nossos semelhantes, afinal somos todos irmãos.

A criança e o adolescente, nesta altura, já ficaram para trás e os pais, volvendo àquela época ainda recordam as palavras do poeta: “Cuidem, com fé, da criança, / com carinho e muito afã. / Ela é, pois, nossa esperança, / na grandeza do amanhã”. / E mais: “Juventude é sangue novo, / que corre de forma ardente, / nas veias de nosso povo/, nos vasos da nossa gente”./

A vida, entretanto, transcorre rapidamente e num piscar d’olhos o adolescente tornou-se na verdade adulto, consciente de seus deveres e obrigações e o pai, orgulhoso, não deixa passar o ensejo por ocasião da formatura do jovem, escrevendo: “Vai clarear teu caminho, / pela força do seu brilho, / a luz desse pergaminho / que hoje recebes, meu filho”./

O destino de todos, é indiscutível que pai, mãe, amigos e parentes envelheçam e nós, sem dúvida, a nos preocuparmos com cada um deles e de repente, por desígnios Superiores, parte uma dessas queridas pessoas deixando lembranças inesquecíveis sentidas pelo poeta como a seguir: “Cai a tarde, morre o dia…/ sempre nessa hora me invade / profunda melancolia, / nas asas de uma saudade”.

O poeta, por outro lado, já idoso, na companhia da esposa amada, por nunca haver perdido o brilhantismo e a inspiração, brinca consigo mesmo escrevendo: “Envelheci… Meu cabelo, / nessa fase, me enganou; / mesmo cuidando com zelo, / não ficou branco… AZULOU!”/

À esposa, sempre presente, também já idosa, companheira, amiga e serena, fez o poeta lhe dedicar, após o casamento, o acróstico que se segue: “Regina flor desse jardim risonho, / Embora eu dissuada o pensamento, / Gira em torno de mim, como num sonho / Inexplicável, que me enleva e encanta, / Nas minhas horas de recolhimento/ A tua imagem casta de uma santa”./

Mordaz, porém pleno de fé e acreditando que por aqui a vida não se acaba, todavia sempre a fazer rir seus amigos e a ele próprio, escreve já perto do apagar das luzes: “Venço ao ano 83… / – Poderei ultrapassá-lo? / Poderá… mas, desta vez, / só se o fizer a cavalo!”

Ultrapassou oitenta e três chegando aos oitenta e quatro, tendo partido, sereno e tranquilo, em dezessete de junho de mil novecentos e oitenta e nove.

Por tanto amar esta cidade e nunca se esquecendo dos trovadores daqui e dacolá, deixou consignado: “Nesta trova, sem lavores / de valor, de qualidade; / deixo expressa, aos trovadores, / a saudação da cidade”/. 

Cumpriu sua trajetória sempre acompanhado por minha mãe legando-nos quanto à observância da vida digna que fez por perseguir.

Fim da trajetória, dever cumprido!

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