A víbora e o cão

08/11/2018 10:20

Pesquisando meus “arquivos implacáveis” encontrei este texto tão significativo que, mesmo sem o autor, havia separado com destino certo, mas uma grade amiga me impediu e respeitei sua preocupação. E hoje ela já não está mais aqui, lamentavelmente, entre nós – e não vou contrariá-la mas agora não tem mais destinatário – a menos que alguém vista a carapuça :


“Já parou para pensar por que algumas pessoas conseguem "êxito" ao destilar o mal e outras, por mais que tentem, não conseguem nada? Tem gente que quando quer fazer o mal, arquiteta, executa e consegue… e tem gente que nem reagir à altura consegue – ao contrário: se tentar retribuir, acaba se comprometendo ainda mais. Ah… abençoados aqueles que não conseguem reagir… porque, com certeza, menos dívidas terão que resgatar. Costumo dizer que todas as nossas respostas encontramos na natureza. E em todas as espécies encontramos tipos mais, ou menos, mortais. Por que o ser humano seria diferente? A única diferença que existe, é que os animais usam o veneno para a sua proteção… e o ser humano, usa para a destruição do próximo. E é exatamente por isso que acumula carmas, dívidas, e demora tanto tempo pra "evoluir". Não nas habilidades físicas, mas na nobreza espiritual. Se você é um "cão", um Rotwëiller até, não se culpe por não conseguir "revidar", "reagir", quiçá se defender… Você, enquanto "cão", tem sentimentos, tem coração, afeição, senso de lealdade e até mesmo, justiça. Você sente dor, sofre, ama, enfim… já está muito perto do seu "criador". Mas se você é a cobra venenosa, e se orgulha de ser implacável, invencível, poderosa, soberana… desculpe, mas sinto pena de você… falta muito ainda para saberes o que é ser “verdadeiramente superior…”


Mas tal texto não poderia ficar eternamente ignorado pelas pessoas de bem que são agredidas em surdina e escrevi o soneto – NOSSO ÚNICO BEM:

 

Nada temos de nosso na vida,/ nem a vida sequer nos pertence,/ nem tem nada que fique ou dispense/ pela luta de sempre e seguida.                                                        

Nada impede, porém, acolhida/ daquele único bem, que compense/ frustração de algum sonho e nem pense/ em deixar a emoção escondida.

Nada além dum abstrato concreto/ todo nosso, apesar do desprezo/ que alguns dão declarando seu veto.

Nada em nós ficará menos preso/ no caminho e nem mesmo um afeto, 

que um passado assim, leve e de peso.


Que as pessoas possam refletir, em todos os sentidos, nesta diferença da natureza.

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