Ação e fantasia nos limites da galáxia
Pedro Pascal é um ator chileno-americano que ganhou projeção em Game of Thrones, fazendo o personagem Oberyn Martell, que atravessa a saga tentando vingar a morte da irmã. Guerreiro poderoso, de língua afiada como sua espada, Oberyn formou a própria companhia de mercenários, sendo pai das chamadas ‘serpentes da areia’. Não admira que, com esse perfil, tenha sido requisitado por Jon Favreau para ser o Mandaloriano. Em novembro de 2019, The Mandalorian estreou nos EUA.
Quase um mês depois, não se falou de outra coisa na CCXP de São Paulo. Agora, na terça (17), a Disney, que produz O Mandaloriano, lança seu serviço de streaming no Brasil. A Globo, que será parceira da plataforma por meio do GloboPlay, antecipa-se e mostra nesta segunda (16) na Tela Quente, dois episódios da nova série derivada de Star Wars. Chama-se The Mandalorian: Uma História de Guerra nas Estrelas.
Como ator e diretor, Jon Favreau não era exatamente nota 10, mas adquiriu o toque de Midas com suas intervenções no universo Marvel. À revista Empire, contou que The Mandalorian começou a nascer na cantina de Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança. Quem eram aqueles arruaceiros no bar em Mos Eisley? Situado cinco anos após a destruição da segunda Estrela da Morte, que carregou consigo o governo imperial, a série mostra a Nova República tentando restaurar a ordem na galáxia, que virou esse lugar sem lei.
Favreau compara o futuro distópico à conquista do Oeste, como território livre para caçadores de recompensas. O Mandaloriano é um deles, ou o melhor deles. Para o criador da série, é uma espécie de Clint Eastwood intergaláctico – um Estranho sem Nome com um código de ética flexível (Pascal prefere dizer ‘questionável’) e grande habilidade com as armas.
Quando lançou Star Wars, Guerra nas Estrelas, em 1977 – só mais tarde viraria Episódio IV: Uma Nova Esperança -, George Lucas parecia mais maluco do que visionário ao dizer que o filme integrava uma série com nove filmes. Três trilogias, e aquele seria o primeiro episódio da segunda trilogia. A construção do herói – Luke Skywalker. No segundo episódio, Luke encontrava mestre Yoda, que lhe ensinava que era possível mexer o universo só com a força da imaginação. O conceito da Força tornou-se vital em Star Wars.
Realizada depois, a que virou a primeira trilogia era sobre o pai de Luke, Annakin, que se entrega ao lado escuro da Força e vira o vilão Darth Vader. Mais tarde, a terceira trilogia seria centrada em Ray, que trouxe com ela ‘o despertar da Força’. Contratado pelo Cliente – o diretor Werner Herzog, numa participação como ator -, o Mandaloriano vai aos limites da galáxia. Feito mochila, carrega uma criaturinha exótica que se transformou no maior atrativo da série toda. Baby Yoda, com aquelas orelhas e olhos pedintes, faz a liga do público com esse novo universo de ação e fantasia. Está ali para evocar uma frase de mestre Yoda em O Império Contra-Ataca: “Faça ou não faça, tentativa não há”.
E o Mandaloriano terá de fazer. O Estranho tem nome, Din Djarin. Baby Yoda não é referido como tal, mas como The Child, a Criança. Mais até do que o herói de moral duvidosa, Baby Yoda foi responsável pelo sucesso instantâneo. Nos EUA, The Mandalorian bateu Stranger Things e transformou o bebê num fenômeno de vendas. Bonecos, bonés, camisetas, – tudo dele para o público que o adotou.
Os fãs da saga oficial Star Wars sabem que ela se estrutura no binarismo – heróis e vilões, luz e sombra. Favreau foi logo anunciando que, aqui, era melhor esperar outra coisa.
Uns 50 tons de cinza, mesmo sem o foco no sexo. Entre os diretores dessa primeira temporada está Bryce Dallas Howard, atriz de Lars Von Trier em Manderley e filha de Ron Howard. Seu pai não se saiu muito bem, em termos de bilheteria, no spin-off sobre Han Solo. O público não aceitou as liberdades que ele tomou com o personagem. Pode ser que a filha tenha mais sucesso. No site do Rotten Tomatoes, usuários dizem que a trama de Mandalorian é a melhor de toda a saga Guerra nas Estrelas.