Acidente levanta debate sobre passagem de veículos pesados no Centro

05/09/2019 11:51

O acidente envolvendo uma carreta e nove veículos, entre motos e carros, que estavam estacionados na Rua Washington Luís, na terça-feira, levantou uma questão que deixa muita gente em dúvidas: afinal, veículos pesados podem circular normalmente no centro da cidade? No acidente, registrado na pista sentido Centro, perto da antiga fábrica São Pedro de Alcântara, ninguém ficou ferido.

Segundo a CPTrans, não há regulamentação para o tráfego desse tipo de veículos no Centro. A orientação é que o motorista, ou a empresa responsável, comunique a Companhia com antecedência para que os agentes façam o planejamento e a escolta durante o trajeto. Ainda de acordo com a companhia, no Plano de Mobilidade Urbana há recomendação da regulamentação do tráfego de veículos de grande porte, mas a aplicação depende da elaboração de um decreto.

“O impacto destes veículos no Centro é óbvio. Primeiro porque as ruas não têm estrutura para receber esse tipo de veículo. Segundo, porque já há a sobrecarga de ônibus que chega a provocar rachaduras as casas e prejudica a pavimentação. Estas carretas não deveriam entrar no centro urbano e muito menos no Centro Histórico”, avalia a advogada e ambientalista, Myriam Born.

O condutor da carreta foi multado pela Polícia Militar, porque conduzia com CNH categoria D e não possuía a carteira de habilitação de categoria E, como determina a legislação. Quem testemunhou o acidente descreveu a cena como em um filme de ação. Por sorte, nos veículos que foram atingidos não havia passageiros. O motorista e o carona que estavam na carreta também não ficaram feridos.

Arcanjo de Carvalho, proprietário de um dos automóveis atingidos no acidente, disse que as vítimas fizeram boletim de ocorrência com a PM no momento do acidente, e pretendem entrar na justiça para conseguir o reembolso das despesas com os veículos. Arcanjo disse que estima um prejuízo de cerca de R$ 15 mil no total dos veículos.

O acidente aconteceu no meio da tarde, em um horário em que o fluxo de veículos é intenso na rua. “Se não tem regulamentação, estes veículos tinham que transitar, pelo menos, na madrugada”, disse Myriam. A ambientalista avalia a situação como negligência do Poder Público. “Temos uma cidade que sobrevive do turismo, mas o trânsito pesado pode provocar sérios danos e inviabilizar essa atividade”, completou.

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