Alegria ponderada
Absorvidos pelas fantasias de nossos caprichos ou pelos envolvimentos momentâneos com as posturas avassaladoras das destemperadas alegrias e euforias, praticamos muitas vezes, atos que nos contaminarão ou deixarão vínculos, a se crisparem em nossos sentimentos, corpos ou mentes. Estes vínculos se tornarão viscos perniciosos, por uma não penetração nas consequências que trarão.
Amigos, a alegria, como tantos outros qualificativos, precisa ser ponderada, dosada e disposta dentro de âmbitos de razão e prazer, entendimento e raciocínio, porque não podemos verter-nos em momentos de penetração de euforias, pelo simples fato de que datas foram marcadas e são manuseadas para isto.
Não, o sistema de produção de emoções irá reagir, prontamente, diante de algo que nos fará rir ou chorar, porém a alegria íntima existirá quando uma disposição real estiver aberta, a aceitar com prazer comedido, as ligações com momentos aprazíveis e que nos trarão maiores compensações. Estas compensações não poderão ser um pesado ônus, a nos comprometer o viver, a saúde, ou nos projetar em palcos viciosos e perniciosos.
Na atualidade, o que vemos, são propostas avassaladoras de distúrbios de alegria e estagnação da razão, num ultimato a esquecimento de fatos e situações que nos entristecem.
Será que precisamos atordoar-nos, para que tenhamos instantes alegres e que nos completem o viver?
Será que precisamos perder os limites e a razão, embrenhando-nos em palcos ilusórios fugidios que nos envolverão em dramas imensos?
Será que os prognósticos de felicidade precisarão estar aliados à falta de moral, vícios e descontroles emocionais ou psíquicos?
Na verdade, todas estas apresentações fictícias são expressões externadas de almas em distúrbios e lacunas íntimas que, numa oportunidade mais ampla, se deixam tocar e envolver pelos estímulos e simulações de alegrias descompensadas, exteriorizando as falhas, os constrangimentos, indiferenças, recalques e lacunas que retêm e que as atormentam.
A dor, a alegria, as circunstâncias positivas ou negativas do nosso viver, poderão ser externadas e entendidas se, na nossa realidade, houver razões lícitas para isto, entretanto, estimular uma alegria que é descompensada e permitir um atordoamento só por estar nos dias de festas próprios para isto, é forçar algo que, certamente, está mal equilibrado e incompreendido.
A alegria ponderada, a dor sentida e aparada, as vicissitudes amparadas e os sentimentos conduzidos dentro de âmbitos de razão e ponderação, fazem parte do equilíbrio que viemos buscar nesta vida momentânea, entretanto, em todos os instantes, a lei das compensações nos trará o verbo certo e as atitudes a serem distendidas, porém, sempre em relatividade ao bom ou ao mau uso de nossos pensamentos e atitudes.
Usemos de bom senso, também no distendimento de férteis doses de descontração, aparemos esta alegria com moderação, externando sim, a vontade de abraçar, sorrir, cantar e pular, mas com comedimento e não saindo dos parâmetros comportamentais que nos envolvem. A medida certa destas alegrias estará na razão direta do estágio em que nos encontramos como almas caminhantes. Não nos oneremos ou despejemos falsas imagens apenas por estarmos "em dias de festas", porque, na realidade, as alegrias precisam ser buscadas na vida diária e não acumuladas para dias específicos.
Ser alegre, ser triste, ser agressivo, ser feliz, ser otimista ou depressivo, dependerá somente de nós mesmos. Os fatores, que nos envolvem o viver, precisam ser apreciados com lógica e ponderação, para que possamos extrair das situações as condições básicas, a nos favorecerem uma existência mais equilibrada e de paz.