Alta na desocupação do 1º tri é movimento sazonal ligado à dispensa de temporários, diz IBGE

30/abr 13:36
Por Gabriel Vasconcelos / Estadão

A alta na taxa de desocupação no trimestre encerrado em março, que ficou 7,9%, é um movimento sazonal, ligado à dispensa de trabalhadores temporários tanto no serviço público quanto privado, disse nesta terça-feira, 30, a coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adriana Beringuy.

No trimestre móvel encerrado em fevereiro, a taxa de desemprego foi de 7,8%. Já no quarto trimestre de 2023 era de 7,4% e, em igual trimestre do ano passado, de 8,8%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE).

“Parte importante dessa perda de ocupação veio da administração pública, principalmente de (setores como) Saúde e Educação. Especificamente no segmento da educação, isso aconteceu mais na educação relacionada ao ensino fundamental, onde há contratos temporários, de trabalhadores do setor público sem carteira. Na virada do ano eles são dispensados e, na medida em que se retorna ao ano letivo, há tendência de recontratação desse contingente”, detalhou Beringuy, em entrevista coletiva sobre a pesquisa.

A pesquisadora do IBGE disse, ainda, que houve contribuição importante do serviço doméstico na perda de ocupação. Segundo ela, embora o setor público e o serviço doméstico tenham se destacado nessa diminuição do número de empregados, teria havido “pequenas dispensas” em grande parte dos setores do mercado de trabalho, o que contribuiu para o cenário geral mais negativo em março.

Beringuy disse que essa alta do desemprego na margem se repete todos os anos no primeiro trimestre e não indica uma mudança de tendência do indicador que, no ano, ainda registra queda de 0,9 ponto porcentual, preservando um panorama de queda nas comparações anuais.

Setores

O quadro sintético da Pnad Contínua mostra que a maior perda absoluta de vagas se deu, de fato, na administração pública, com menos 320 mil vagas ante o quarto trimestre de 2023, queda de 1,8%. Os serviços domésticos vêm logo depois, com uma queda de 2,3% nas vagas, que representa 141 mil trabalhadores a menos nessas funções.

Os outros oito setores pesquisados registraram estabilidade estatística, muito embora seis deles tenham apresentado recuo no número absoluto de empregados. No trimestre até março, por exemplo, o setor de Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas perdeu 140 mil trabalhadores, recuo de 0,7% ante o quarto trimestre de 2023. Na mesma comparação, a Construção perdeu 72 mil empregados (-1%) e, a Indústria, outros 62 mil funcionários (-0,5%).

Os setores que viram o número de empregados subir em março, ante dezembro de 2023, foram os setores de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, que ganhou 96 mil novos empregados (+08%) e Agricultura, pecuária e pesca, cujo universo de funcionários, com mais 12 mil pessoas (+0,2%).

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