Alto preço do estacionamento é motivo para o esvaziamento da Rua Teresa
O preço abusivo cobrado pelos estacionamentos privados de Petrópolis, que já foi assunto de outras reportagens da Tribuna, pode estar ligado diretamente com a desaceleração nas vendas do comércio da região, principalmente no Centro e na Rua Teresa.
Atualmente, o valor cobrado pelas empresas do ramo nas ruas centrais da cidade varia de R$ 4 a R$ 10, enquanto cidades vizinhas como Três Rios e Teresópolis têm valor fixo de R$ 3 e R$ 1,50, respectivamente – preço semelhante e até inferior ao estacionamento rotativo de Petrópolis.
Para o Sindicato do Comércio de Petrópolis, o preço do estacionamento privado é o principal motivo do esvaziamento da Rua Teresa e de algumas lojas do Centro. “É um assunto importantíssimo. Um dos motivos que podemos apontar como responsáveis pelo esvaziamento da Rua Teresa é esse, porque o polo de modas de Caxias (cidade vizinha) tem um preço único de estacionamento, onde o cliente paga e fica o dia inteiro. Isso acaba impactando na vinda a Petropolis, principalmente do comprador do Rio e dos distritos. Tem estacionamento mais barato, próximo e pedágio. É um grande problema para nós”, disse Marcelo Fiorini, presidente.
Um outro ponto destacado por Fiorini foi a questão de um projeto de lei que tramita na Câmara dos Vereadores para garantir a gratuidade a quem estaciona para efetuar compras no comércio local. “Uma questão importante é falar da gratuidade do estacionamento para quem compra no comércio. Precisamos disso o mais rápido possível, porque o valor abusivo acaba sendo um empecilho para quem compra aqui. Se essa lei realmente for valer, vai facilitar a vida de quem vem fazer compras, como forma de compensar esse estacionamento caro”, completou.
Turistas reclamam do preço
A Tribuna foi até as ruas e ouviu alguns petropolitanos e turistas sobre a questão e ambos reprovam o preço e consideram o valor abusivo. “Eu moro no Taquara e trabalho no Quitandinha. Quase sempre que tenho que resolver alguma coisa aqui prefiro vir ao Centro de ônibus porque é muito ruim conseguir uma vaga na rua e, consequentemente, somos obrigados a parar no estacionamento privado e pagar uma fortuna. Então, por via das dúvidas, prefiro vir de ônibus”, disse Andria de Oliveira, de 29 anos.
O preço cobrado pelas empresas, principalmente do centro da cidade, incomoda também os turistas. O professor Eduardo Crochet, de Juiz de Fora, trouxe a família na tarde de ontem para um passeio na Cidade Imperial e tomou um susto. “Eu não encontrei vaga no rotativo e tive que parar num estacionamento privado, bem longe de onde eu queria ir, e vou ter que desembolsar R$ 8 por hora, preço bem diferente de outras cidades próximas. Sem dúvidas isso afeta a visita do turista à cidade”, explicou.
Movimento caiu nos estacionamentos
Enquanto o comércio sofre com a desaceleração das vendas no período de crise, alegando ter como principal fator o valor e a dificuldade de encontrar vagas, do outro lado os donos dos estacionamentos também reclamam da crise e da queda no movimento. E alguns deles buscam alternativas para tentar atrair mais clientes. “Aqui o movimento caiu bastante nos últimos meses. Sabemos que a crise está aí e que o valor cobrado não é um dos mais baratos, mas não podemos reduzir o preço porque pagamos impostos e temos funcionários para pagar, com carteira assinada e todos os direitos garantidos”, revelou o sócio de um estacionamento.
Na Rua Dezesseis de Março, onde o valor médio cobrado é de R$ 10 por hora para os carros de porte pequeno, o maior estacionamento da região optou por reduzir o valor para tentar se diferenciar da concorrência. “De janeiro pra cá o movimento caiu. Sempre fomos o maior e o mais barato da rua. Quando subimos o valor de R$ 6 para R$ 8 percebemos uma queda muito grande, então decidimos ajustar para R$ 7, que fica no meio termo. Desse modo estamos conseguindo manter um movimento legal”, disse um dos funcionários do imóvel, que recebe cerca de 200 carros por dia.