Alunos do Colégio e Curso PRW lançam livro sobre a história de Petrópolis

Por Aghata Paredes | Foto: Divulgação

Um projeto ambicioso envolvendo cerca de 300 alunos do Fundamental II e Ensino Médio do Colégio e Curso PRW, em Petrópolis, resultou na criação do livro “Caminhos de Petrópolis”, que será lançado na Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) e no Museu Imperial, no dia 25 de outubro, às 18h30. A obra, publicada pela Caravana Grupo Editorial, destaca monumentos, pontos turísticos e estradas históricas da cidade, além de incluir relatos emocionantes de sobreviventes das chuvas trágicas que marcaram o município em 1988, 2011 e 2022.

Obra pode ser adquirida no site da Caravana Grupo Editorial.

O projeto foi idealizado por Wendel Arguinsoni, diretor e professor de História do Colégio PRW, que sempre teve o desejo de criar uma obra inspirada no livro “História das Ruas do RJ”, de Gerson Brasil, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Em entrevista à Tribuna de Petrópolis, Wendel compartilhou detalhes sobre o processo de pesquisa e escrita do livro.

“Um dos maiores aprendizados que eles tiveram foi realmente conhecer a cidade onde vivem e nasceram. Muitos não sabiam, por exemplo, o significado de nomes de ruas, como era o mapa da cidade ou como a geografia urbana de Petrópolis contribui para as tragédias causadas pelas chuvas. Além disso, foi surpreendente vê-los trabalhando com pesquisa em papel, algo fora do cotidiano deles, mas que trouxe uma nova perspectiva. Eu já estou acostumado, por ser de uma geração mais antiga”, explicou.

O livro explora locais emblemáticos da cidade, como a Cervejaria Bohemia, a Mansão Tavares Guerra (Casa de Petrópolis Instituto de Cultura), a Casa do Colono Alemão e vias importantes, como a Avenida Koeler e a Rua Teresa. Também aborda curiosidades históricas, como os rótulos da cerveja Bohemia e um painel do Código de Hamurabi, que previa a morte como castigo para quem não seguisse as regras da produção de cerveja. Lendas locais, como as ‘assombrações’ na antiga Casa dos Sete Erros, atual Casa de Petrópolis Instituto de Cultura, segundo o professor, acabaram despertando o interesse dos alunos mais jovens.

Um dos grandes desafios do projeto foi incentivar os estudantes a usarem métodos de pesquisa tradicionais, sem recorrer a ferramentas digitais como buscadores e inteligências artificiais. “Eles aprenderam a apreciar o processo de criação de forma artesanal, como fazíamos na década de 1990. Foi uma surpresa para eles, mas o maior legado foi entender que nem sempre as respostas vêm rapidamente. Muitas vezes, uma pesquisa leva a outras leituras, e isso é muito enriquecedor. No mundo contemporâneo, um dos maiores ganhos foi desconectar um pouco esses jovens da rede”, comentou o professor.

Foto: Divulgação

Capítulos como A chuva tirou um pedaço de mim e Minha infância por água abaixo retratam o impacto devastador das tragédias sobre os moradores da cidade. A coleta desses relatos, segundo Wendel, foi uma experiência intensa para os alunos. “Foi necessário cuidar do emocional dos grupos que conduziram as entrevistas com os sobreviventes. Os depoimentos mexeram bastante com eles e certamente impactarão o leitor também. O grupo sentiu a fragilidade do tema. Ao longo das semanas, essas emoções foram se acomodando”, explicou o diretor.

O lançamento do livro na Flip e no Museu Imperial é motivo de grande orgulho para os estudantes, que também terão a oportunidade de ver a obra traduzida para o espanhol e apresentada em eventos internacionais, como em Buenos Aires. “Para muitos, os que pensam em estudar fora, especialmente os alunos do Ensino Médio, isso será um ponto muito significativo”, concluiu Wendel.

Últimas