Ambulatório do HAC é referência para tratamento de doenças inflamatórias intestinais
O Ambulatório do Hospital Alcides Carneiro (HAC) se tornou referência para o tratamento das doenças inflamatórias intestinais. Há quatro meses foi implantado o atendimento da especialidade na cidade, para atender a demanda que segue o aumento mundial do índice da doença. Semanalmente, novos diagnósticos da doença de Crohn e Retocolite ulcerativa são registrados. O Ambulatório realiza periodicamente o acompanhamento dos pacientes que devem seguir o tratamento de forma contínua.
“A rede de saúde pública do município tem se estruturado cada vez mais para um atendimento especializado, oferecendo estrutura, qualificação e um tratamento humanizado para a nossa população”, destaca o prefeito Bernardo Rossi. O Ambulatório do HAC foi estruturado para oferecer um atendimento regular aos pacientes que precisam de cuidados especiais para conseguirem melhora nos quadros clínicos. As doenças inflamatórias intestinais não têm cura e os pacientes precisam de cuidado intensificado, seguindo orientações para o uso regular da medicação e readequação de hábitos alimentares, entre outros fatores, para se alcançar maior qualidade de vida.
Em Petrópolis, são registrados cerca de 20 novos pacientes por ano e, considerado o impacto que as doenças inflamatórias intestinais podem causar na vida do paciente, se atentou para a necessidade da implantação de um núcleo específico para o atendimento. “O ambulatório especializado é mais um ganho para o município, nossos pacientes podem contar com acompanhamento qualificado”, destaca a Secretária de Saúde, Fabíola Heck. Antes de ser encaminhado para o tratamento de especialidade, o paciente passa pela avaliação de um profissional da área gástrica no próprio ambulatório e, a partir daí, segue um cronograma de acompanhamento.
De acordo com o médico responsável pelo ambulatório, o gastroenterologista José Francisco da Silva Vieira, Petrópolis acompanha a média mundial de registro de novos casos. Anualmente são notificados até 14 novos casos, para cada 100 mil habitantes, de pacientes com a doença de Crohn ou Retocolite ulcerativa. “As doenças inflamatórias intestinais são quaisquer processos inflamatórios, agudo ou crônico, no trato gastrointestinal. Algumas possuem causas conhecidas, outras não”, destaca o profissional, reforçando que entre 80 e 90% dos casos são identificados os sintomas específicos da doença de Crohn ou Retocolite ulcerativa, que vão exigir uma mudança de vida dos pacientes.
E como para a maioria dos tratamentos, o diagnóstico precoce é um forte aliado para o combate à doença. “Os sintomas podem começar com diarreia, discreta dor abdominal e, muitas vezes, não se identifica de início, o que retarda o início do tratamento. O quanto antes se diagnosticar, menores as complicações, diminui a necessidade cirúrgica e melhor a qualidade de vida”, destaca o profissional. Em estágio avançado, a doenças exigem tratamento crônico e o paciente é submetido a cirurgias. A medicação indicada é oferecida pelo Ministério da Saúde na rede pública.
A importância do acompanhamento se deve ao fato de os pacientes necessitarem seguir uma série de recomendações para que mantenham uma vida saudável. O dr. José Francisco destaca que as doenças inflamatórias intestinais “podem ser consideradas questão de saúde pública”, tendo em vista que as pessoas, quando não tratadas e durante o tratamento intensivo, passam a ter algumas atividades limitadas, muitas vezes se privando do convívio social. Os pacientes passam a ter restrição no consumo de carnes, derivados de leite, açúcar refinado, entre outros. “São doenças que afetam as pessoas na fase mais produtiva de suas vidas, entre 15 e 40 anos de idade, ou após os 60 anos. Debilita as pessoas para o trabalho e oferece um comprometimento socioeconômico, psíquico e afasta as pessoas do convívio social”, reforça. A reeducação alimentar é fundamental para a melhora do quadro.
O surgimento da doença segue fatores genéticos, imunológicos e ambientais (hábitos alimentares, tabagismo, uso de anti-inflamatórios não hormonais e antibióticos em excesso). “São hábitos que alteram a microbiota (flora) intestinal e que podem abrir o quadro da doença”, explica o médico.
Ações de conscientização são realizadas para alertar sobre a doença
Os pacientes diagnosticados com alguma doença inflamatória intestinal, além e receber o acompanhamento que contribui para a manutenção da qualidade de vida, podem participar de grupos de apoio, onde vão poder trocar experiências e saber a lidar melhor coma doença. O grupo Retocrohn Petrópolis é mantido na rede social e pelo whatsapp, fornecido aos participantes do grupo, onde as pessoas também podem buscar informações. Todos os anos, o Dia Internacional das Doenças Inflamatórias Intestinais tem ações de conscientização no dia 19 de maio. Em Petrópolis são realizadas caminhadas durante esse mês.