Amigos e ex-alunos lamentam a morte do artista plástico Nelson Ricardo, vítima do temporal de domingo

22/03/2022 11:06
Por Vinícius Ferreira

O professor e artista plástico Nelson Ricardo Ferreira da Costa, de 59 anos, está entre as vítimas da tragédia que aconteceu no último domingo, dia 20. Segundo as informações do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil, Nelson estava junto da mãe e outras cinco pessoas no momento em que a casa em que vivia na Rua Washington Luiz, foi atingida por uma barreira. No local, três pessoas ficaram soterradas, inclusive a mãe de Nelson. Os desaparecidos foram identificados pela Polícia Civil como: Heloísa Helena Caldeira da Costa (que mais tarde foi localizada sem vida), Miriam Gonçalves do Valle e Mário Augusto Queiroz Carvalho.

Nelson era doutor em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e lecionava nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Publicidade e Propaganda e Design de Moda do campus Petrópolis da Universidade Estácio de Sá. Muito querido e reconhecido por professores, alunos e pessoas do meio cultural, recebeu diversas homenagens nas redes sociais. 

Deslizamento na Rua Washington Luiz. (Foto: Reprodução redes sociais)

“O Nelson era o tipo de professor que encantava o aluno. As suas aulas nunca eram chatas, eram sempre uma imersão na história da arte e da moda. Ele não só passava o seu conhecimento. Ele conseguia nos fazer, naquele período de aula, viver o que ele estava explicando. Era uma pessoa extremamente culta, empática. Um artista incrível. Com uma obra autêntica e atual, sempre com reflexões sobre os nossos tempos, sobre a política e a sociedade. Uma pessoa ímpar, que levei para vida, de professor tornou-se um amigo”, lamentou o designer de moda e artista Gabriel Henrique Cruz, que foi aluno de História da Arte, no curso de Moda da Universidade Estácio de Sá – Unesa, onde Nelson era professor.

Para a coordenadora do curso de Moda da universidade, Nelson foi um professor de “excelência, inteligente e apaixonado pelo conhecimento”. “Conheci em 2008, como meu professor de história da moda e tive a oportunidade de vir a trabalhar com ele no curso como coordenadora. Fomos parceiros desde então. Foram mais de 10 anos de trabalho juntos. Uma linda parceria que agradeço muito ter tido a oportunidade de viver. Ele agora brilha como estrela, tenho certeza”, afirmou Márcia de Souza Borges.

A própria universidade também se manifestou: “Toda a equipe da Estácio está de luto e profundamente consternada com o falecimento do querido professor”, diz a nota, que continua lembrando que ele já lecionava há mais de 19 anos na instituição. “Desde 2003, Nelson era professor na instituição e sempre foi muito querido pelos alunos e por todo time de colaboradores. A Estácio expressa sua gratidão em homenagem à sua memória e permanece à disposição de seus familiares, alunos e colegas de trabalho neste momento de pesar”.

“Um homem de seu tempo”

Nelson era ainda um artista plástico reconhecido na cena cultural de Petrópolis. Uma de suas últimas exposições foi a mostra “Quero Meu Corpo de Volta”, que exibiu o trabalho de Nelson no Palácio Rio Negro em 2019 (antes do início da pandemia da Covid-19).

Nelson e a amiga Rosa Paranhos (Foto: Arquivo Pessoal)

A artista plástica Rosa Paranhos, curadora da exposição e amiga de Nelson, diz que a morte do artista é uma perda irreparável para o cenário cultural da cidade. “Ele era muito engajado culturalmente. Muito inteligente, de um saber genuíno. Uma pessoa ativa dentro do mundo contemporâneo em todos os sentidos. Um homem do seu tempo”, destaca a artista, que também prestou uma homenagem a Nelson nas redes sociais. “Anos 90, eu havia acabado de mudar com minha família para Petrópolis. E vocês devem saber como é ser novata, sem conhecer absolutamente ninguém em uma nova cidade. Ele foi a primeira pessoa que veio falar comigo sobre arte. Ele fez a curadoria da minha primeira exposição de arte na cidade, no Centro de Cultura Raul de Leoni. E aí, nos tornamos amigos inseparáveis. Parece que já nos conhecíamos há anos. Fizemos tantos projetos artísticos juntos”, recordou.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado – CAU/RJ também emitiu uma nota de pesar em seus perfis nas redes sociais. 

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