Analfabetismo e Petrópolis
"Nos últimos anos o maior entrave ao desenvolvimento de nosso país tem sido o que o sociólogo Demétrio Magnoli chama por “degeneração oligárquica da democracia”, ou seja, “a união das elites econômicas e políticas em proveito próprio, o que impede que possamos firmar nossos valores."
Por que comecei este artigo pela conclusão de Magnoli? A meu ver, Magnoli se antecipa em sua conclusão, pois, antes de firmar valores, precisamos tê-los, ou seja, temos primeiro de formar valores, socializar, para poder trilhar um caminho de conquistas. Outrossim, o estrago perpetrado pela administração petista nos últimos anos, com tudo o que sabemos e o que podemos imaginar que ainda não seja de conhecimento pleno do público: o descalabro resultante da união dos grandes empreiteiros com o PT_ levaremos pelo menos de 15 a 20 anos para conseguirmos uma recuperação.
Concomitantemente, urge termos um projeto educacional firme e de longo prazo. Insisto veementemente na tecla da educação, por entender ser o único caminho viável para tirar o País deste estado lamentável de 1/4 da população como analfabetos funcionais e 13 milhões de analfabetos. Quando o cidadão tem a falta de compreensão do que o cerca, ele permite que haja a continuidade destas oligarquias que sempre dominaram o País e continuarão a fazê-lo.
Nossa matriz educacional é falha, errada e eivada de ideologias toscas e tendenciosas. Uma parte significativa de nossos mestres levam seus alunos a pensar por caminhos obtusos e lateralizados, via de regra com simpatias esquerdistas. Isto precisa ser mudado e bons exemplos existem pelo mundo: um destes é o caso da Coréia do Sul na década de 60 e sua revolução educacional que propiciou um grande desenvolvimento ao país.
As mudanças sempre sofreram rejeição e continuarão sofrendo. Por este motivo, têm uma dificuldade toda particular de virem a se tornar realidade. Como não nos parece ser uma prioridade do atual governo deste País um choque na educação, o que vemos, ao contrário, são cortes de verba na educação. Sugiro que as mudanças comecem nos pequenos exemplos e nas pequenas práticas em nosso bairro e em nosso Município, com as associações de moradores, com os templos e igrejas, cadastrando pessoas analfabetas nas suas áreas de atuação e cedendo espaço para turmas de alfabetização de adultos. Como professores são eternos abnegados, não faltarão voluntários para ministrar as aulas.
Estas aulas à noite deverão ter um atrativo aos alunos que tiverem 90% de presença no mês, algo como uma cesta básica como incentivo. Tenho certeza de que em 6 meses ( tempo de duração do curso de alfabetização ) já começaremos a vislumbrar uma nova realidade. Neste ponto, respondo aos senhores a quem caberá o pagamento das cestas: por que não engajar o comércio dos bairros nesta empreitada? Uma cesta por empresa num esforço de integração do bairro, com propósitos de melhoria coletiva.
A ideia pode parecer simplista, mas esconde um valor social de uma grandiosidade ímpar. Conhecimento desperta conhecimento e ler e escrever representam qualidade de vida. Quem sabe em um futuro não muito distante poderemos ter analfabetismo zero em nosso Município com as pessoas criando e firmando seus valores?