Anfavea fala em risco de paradas de produção por falta de componentes
A Anfavea, entidade que representa a indústria nacional de veículos, alertou nesta quarta-feira ao risco de novas paradas das montadoras nas próximas semanas em razão, principalmente, do quadro de escassez global de componentes eletrônicos. Durante apresentação dos resultados do setor em março, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, disse que a insuficiência de chips usados em sistemas eletrônicos, dado o maior consumo de equipamentos como notebooks e tablets na pandemia combinado à arrancada da produção nas demais indústrias que dependem do insumo, representa um risco maior do que o previsto.
“Existe risco de paradas de produção por falta de componentes, em especial microprocessadores”, comentou o executivo. “Pode afetar o setor nas próximas semanas”, acrescentou.
Na semana passada, a maioria dos fabricantes de veículos suspendeu a produção em razão do agravamento da pandemia.
Segundo balanço apresentado nesta quarta-feira pela Anfavea, o número de montadoras paradas completa ou parcialmente no Brasil caiu, contudo, de 14 (30 fábricas e 65 mil funcionários) para cinco (dez fábricas e 5,5 mil funcionários) desde o início deste mês.
O presidente da associação considerou, contudo, que, em razão do “momento dramático” da crise sanitária, não pode ser descartada a possibilidade de novas paralisações espontâneas causadas pelo risco de contágio.
Apesar das dificuldades, a Anfavea considerou positivo o balanço do mês passado, quando a produção de veículos no País teve alta de 1,7% na comparação com fevereiro.
Moraes observou que, a despeito dos anúncios de paralisações no fim do mês, algumas montadoras mantiveram um grupo menor de trabalhadores para completar a montagem de veículos atrasados pela falta de peças.
Suficiente agora para 16 dias de venda, a direção da Anfavea considera que o estoque nos pátios de concessionárias e fábricas, um total de 101,1 mil veículos, está em situação de equilíbrio, apesar de reclamações das concessionárias sobre a demora na entrega dos automóveis. Desde o fim do ano passado, disse Moraes, a indústria automotiva vem mantendo o nível de estoque ao redor de 100 mil veículos.