Animais silvestres buscam abrigo e alimento em áreas urbanas

04/11/2015 12:00

Todos os anos, institutos de pesquisa e monitoramento divulgam dados que apontam o aumento do desmatamento em todo o país. As consequências dessa ação afetam diretamente tanto humanos quanto animais. É cada vez mais comum encontrar animais silvestres em áreas urbanas. Com a perda de seu habitat natural, eles buscam abrigo e alimento em meio ao caos da cidade, o que na maiorias dos casos, leva a morte de várias espécies.

Muito comum nessa época do ano em Petrópolis, com o aumento da temperatura, acontece o período de reprodução dos gambás, que ao contrário do que muitos pensam não são "parentes" dos roedores, mas sim, dos marsupiais, como os cangurus. De acordo com o veterinário e especialista em animais silvestres, Francisco Vilardo, os gambás são animais mamíferos solitários, de pequeno e médio porte, pertencentes à família Didelphiedae. "Eles possuem hábitos arborícolas, andando sobre as árvores e, alguns exemplares da família possuem hábitos terrícolas. Na maioria das espécies, a cauda é longa e preênsil (adaptada para segurar ou prender)."

Uma das principais características dos gambás é que carregam e amamentam suas crias dentro de uma bolsa localizada no ventre do corpo, denominada marsúpio – daí a de nominação que recebem de marsupiais. Esses animais possuem hábitos noturnos, tendo a visão adaptada para tal período do dia. Além da visão, o olfato e a audição também são bantante desenvolvidos.

São animais que podem se reproduzir durante o ano todo, ou apresentar uma pequena sazonalidade (em determinados períodos). Em regiões de clima tropical, a reprodução ocorre durante o ano todo. Em regiões que apresentam um clima muito frio, como Petrópolis, a reprodução se dará em uma época mais favorável – mais quente, com mais oferta de alimento para a mãe.

"A gestação dura de 12 a 13 dias e ocorre dentro do útero, como em todo mamífero. Após este período a mãe dá a luz aos filhotes que, imediatamente migram para o marsúpio e permanecem nele, mamando. O número de filhotes pode variar de 5 a 13, dependendo da espécie. Em torno de 80 dias, os filhotes passam a ficar no ninho e a mãe começa a deixá-los sozinhos para sair à busca de alimentos. Após 86 dias começam a ingerir alimentos sólidos e são transportados no dorso da mãe. O desmame ocorre entre 3 a 4 meses de idade," explica o veterinário.

De acordo com Francisco, seus hábitos alimentares variam. Como são onívoros, ou seja, se alimentam de frutos e pequenos animais, costumam manter uma dieta de insetos, pequenos vertebrados, flores, néctar, entre outros. "Como todo animal, os gambás também tem sua função na natureza, as espécies de hábitos frugívoros atuam como dispersores de sementes, ajudando na manutenção da dispersão das mesmas, promovendo a saúde da floresta."

Entre as espécies mais conhecidas no Brasil estão: o gambá-de-orelha-preta e o gambá-de-orelha-branca. Porém, existem outras, além de Cuícas e Catitas. "Os principais predadores desses animais são felinos selvagens (gato-do-mato, jaguatirica) e alguns gaviões de maior porte. No meio urbano, o homem é o maior predador, mas muitos são vítimas de atropelamento ou de ataques de cães. Esse período, na cidade, é o mais propício para que tais ações aconteçam, já que ocorre a época de reprodução e os casais de gambás saem em busca de alimento," destaca Francisco. 

O veterinário ressalta que, culturalmente, esses animais também são vítimas de caçadores que os utilizam como alimento, porém sua caça é proibida e quem for pego praticando essa atividade sofrerá as sanções cabíveis. Outro problema comum é a falta de informação das pessoas, que acabam maltratando e até mesmo matando os gambás por medo ou por os acharem repugantes, já que como defesa, os animais dessa espécie exalam um cheiro forte de sua glândula perianal, quando estão em situações de perigo. Mas na maioria das vezes ele apenas se afasta do local.

"Assim como em qualquer espécie, devemos preservar os gambás. E uma das formas é protegendo a natureza: não desmatando, não produzindo queimadas, não deixando lixo sem estar corretamente acondicionado em sacos e dentro de lixeiras, também não deixá-lo da noite para o dia do lado de fora da casa (o animal tem hábitos noturnos!), não deixar janelas da cozinha abertas e com frutas expostas sobre a mesa", explica Francisco.

Porém, é claro que acidentes podem acontecer como choque em fiação elétrica ou ataque de cães.  

Vale ressaltar que animais silvestres encontrados devem ser encaminhados para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Um animal da natureza é um patrimônio público. É obrigação da população e, principalmente, dos poderes públicos municipal, estadual ou federal cuidar dele. Caso apareça algum animal dessa espécie em sua casa, entre em contato com o órgão responsável, pois ele dará o destino adequado para o mesmo.

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