Animal não é presente: especialistas falam sobre adoção responsável

Por Aghata Paredes

Neste período marcado por celebrações familiares surge uma prática que, embora impregnada de boa intenção, suscita diversas reflexões: presentear com um animal de estimação.

A principal reflexão é a necessidade premente de que os animais sejam reconhecidos como merecedores de cuidado e consideração ao longo de toda a sua existência, e não como um mero presente sazonal. Isso porque a média de vida de um cão ou gato é de 13 anos, podendo ultrapassar os 20 anos. 

Para Felipe Facklam, médico-veterinário em Petrópolis, abandonos são frequentes quando os animais são presenteados “de surpresa”. “A aquisição de um animal, seja de qual espécie for, deve ser feita com responsabilidade levando em consideração necessidades básicas e outras específicas, de acordo com raça, idade, sexo, atividade física e região onde mora. Promover vacinação adequada, aplicada por um médico-veterinário, nutrição com ração ou alimento natural de boa qualidade, tosa, banhos, controle de parasitas internos e externos, interação social e ambiente adequado. Mesmo adotado, o animal terá necessidade de serviços essenciais como cirurgias de castração, protocolos vacinais e produtos de higiene. Por isso, o compromisso financeiro deve ser sempre levado em consideração. Além disso, a pessoa que irá receber o animal deve estar ciente e comprometida com ele, e deve ser feito um preparo do ambiente. Abandonos são frequentes quando os animais são presenteados “de surpresa”., explica. 

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Quando o assunto é adoção responsável, a vacinação e castração têm papel fundamental. Ambas atuam como ações preventivas e demandam menos recursos quando comparadas ao dinheiro gasto com possíveis enfermidades. “São medidas preventivas, tanto para o controle populacional quanto para evitar doenças, que podem ser fatais, e até mesmo transmitidas ao ser humano, como no caso da raiva. Existem mitos sobre as castrações e vacinas que podem ser esclarecidos por um profissional competente. Novos protocolos, novas vacinas e novas tecnologias têm elevado índice de sucesso e segurança. O custo com prevenção é consideravelmente menor quando comparado aos tratamentos de enfermidades, fora o custo emocional que não há dinheiro que possa pagar.”, esclarece.

Para Facklam, o convívio com animais pode ser prazeroso e muito saudável quando há consciência de tudo o que está envolvido neste processo. “Hoje a família multiespécie, onde os animais são considerados membros da família, tem ganhado espaço e respeito. A aquisição de um animal, de forma consciente, só trará alegrias para quem o adotar.”, conclui.

Priscila Amaral, psicóloga especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e voluntária da Dog’s Heaven, entidade filantrópica em Petrópolis, ressalta que a adoção responsável é aquela livre de impulsividade. “Devemos entender que eles não são um brinquedo. Os animais são seres vivos, que também terão suas necessidades fisiológicas, biológicas, afetivas e emocionais. Então, é indispensável o entendimento de que o animal será responsabilidade sua. Precisa ser uma escolha consciente, não há a opção de enjoar e se “desfazer” dele como no caso de um objeto.”, explica.  

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Além de todos os fatores envolvidos no processo de adoção, é necessário pensar também em casos especiais. “A adaptação de um animal em seu novo lar não acontece do dia para a noite. É um processo que pode levar meses, especialmente se este animal tiver algum trauma. Para lidar com as questões comportamentais nestes casos, o indicado é procurar um adestrador.”, explica a psicóloga.

A convivência com animais de estimação pode ser uma experiência enriquecedora quando se atenta aos cinco princípios fundamentais de bem-estar animal. Esses princípios, divididos em quatro domínios físicos ou funcionais – Nutrição, Ambiente, Saúde e Comportamento – e um domínio mental, conhecido como Estado Mental ou Afetivo, são essenciais para garantir que o animal viva com qualidade de vida.

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A abordagem consciente desses domínios reflete não apenas a preocupação com as necessidades básicas do animal, como alimentação adequada, um espaço enriquecedor, cuidados médicos regulares e estímulo comportamental, mas também reconhece a importância de seu estado emocional. “Não dizemos que o animal tem bem-estar, dizemos que ele está em bem-estar se os cinco domínios são respeitados e propiciados.”, esclarece Felipe Facklam.

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