Aos 17 anos, Tontom Périssé ganha destaque com o álbum ‘Mania 2000’

09/jul 07:01
Por Sabrina Legramandi / Estadão

“Eu sou curiosa, Tontom perigosa.” Esses versos chiclete são quase onipresentes nas redes sociais e a música por trás deles, Tontom Perigosa, chegou a superar grandes artistas nacionais e internacionais ao ocupar o primeiro lugar das faixas “virais” no Spotify. As reações foram múltiplas: é uma música de Rita Lee? Uma faixa perdida entre os anos 1980 e 2000?

Tontom Perigosa soma 665 mil reproduções na plataforma – um número bem expressivo para uma música lançada sem o suporte e a divulgação de uma gravadora. A cantora da faixa, porém, não possui um sobrenome desconhecido: trata-se de Antônia Périssé, a Tontom, filha da atriz Heloísa Périssé e do diretor Mauro Farias.

Aos 17 anos, ela já atuou como atriz no musical Djavanear e no longa Uma Fada Veio Me Visitar, protagonizado por Xuxa e baseado no livro de mesmo nome de Thalita Rebouças. Agora, porém, ela quer investir na música: lançou um EP, Mania 2000, no final de maio, com músicas feitas por ela quando tinha apenas 15 anos.

“As músicas não foram criadas pensando em uma unidade”, explica a cantora, em entrevista ao Estadão, dizendo que selecionou cinco das primeiras canções que escreveu. Há uma faixa em inglês (Sunshine) e até uma inspiração na bossa nova (Vê Se Atrasa), mas o pop dançante de Tontom Perigosa indiscutivelmente se destaca.

O incentivo para lançá-las veio do pai e a produção ficou a cargo de Guilherme Lírio, músico que já tocou com artistas como Gilberto Gil. A coragem de se jogar na exposição da mídia, no entanto, teve de nascer de Tontom. “Sou uma pessoa mais reservada. Não me exponho tanto. E as músicas são pura exposição”, diz.

DESCONFORTO

Tontom estuda música desde os sete anos: começou com aulas de piano e, aos 11, aprendeu a cantar. Demorou seis anos até que suas primeiras canções fossem lançadas, porque, segundo a artista, ela precisava aprender a “lidar com o desconforto”.

“Tenho muita vontade de seguir nesse ramo e enfrentar esses desafios, mesmo que em algum momento seja desconfortável. Acho que a graça da vida é um pouco essa: você achar o conforto nos desconfortos.”

Se o pontapé na música veio de contrastes, com Tontom Perigosa também foi assim. Nem a cantora, com seu jeito delicado e voz macia, e nem o ritmo alto-astral da música são “perigosos”. O nome da faixa foi inspirado por uma brincadeira com uma amiga e pela sonoridade das duas palavras.

Mas Tontom não descarta ser perigosa. “Eu tenho essa imagem de ser uma pessoa calma, na minha. O ‘perigosa’ me leva para um outro lugar, para uma outra persona que eu acho que, como artista, é legal de explorar também”, diz.

Tontom ativou o sentimento de nostalgia de quem ouve Tontom Perigosa. As comparações foram várias: teve gente que clamou já ter escutado a música no início dos anos 2000 e até aqueles que compararam as faixas com as mais dançantes de Rita Lee.

A artista, de fato, cita Rita entre as suas inspirações ao criar Mania 2000, mas também fala de Cazuza, dos Beatles e de Amy Winehouse. Apesar de ter nascido em 2006, ela garante que sempre foi acostumada a ouvir músicas das décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000.

Mas foi do audiovisual que veio a comparação que mais chamou a atenção. No TikTok, brotaram ‘edits’ (nome dado aos vídeos editados para a plataforma) com trechos do filme O Diário de Tati, de 2012.

A

Usuários da plataforma chamaram Tontom Perigosa de “a música de Tati”, sem nem saberem da relação direta entre a cantora da faixa e a protagonista do longa. Curiosamente, O Diário de Tati é estrelado por Heloísa Périssé e dirigido por Mauro Farias.

Tontom diz ter achado a comparação dos usuários “engraçada”. “Não teve essa inspiração, pelo menos não racionalmente. Mas eu acho que, quando nós criamos, vem um pouco de tudo aquilo que somos e do que vivemos. Eu cresci assistindo a esse filme”, conta.

FAMÍLIA

A cantora escolheu ser artista depois de nascer em uma família deles- a irmã, Luísa Périssé, também é atriz.

O contato constante com o meio artístico fez com que o interesse se desenvolvesse naturalmente. “Cresci amando e vivendo arte também”, diz.

Ter pais famosos atraiu comentários que chamaram a cantora de “nepobaby”. A artista conta que já esperava reações desse tipo e destaca as pessoas que vão às suas redes sociais para defendê-la dos haters.

“Eu acredito que isso demonstra que as pessoas estão realmente criando um afeto com relação a minhas músicas e entendendo quem eu sou”, afirma. Mas Tontom também entende que ter nascido no meio lhe garantiu alguns vantagens. “Tudo que eu posso fazer é usufruir desses privilégios da melhor forma possível, estudando para ser cada vez melhor”, reflete.

Agora, seu objetivo é construir um caminho no mundo da música. Ela diz que o maior sonho é “fazer shows ao redor do mundo”. Antes disso, ela já prepara um álbum para suceder a Mania 2000. “Quero viver disso de uma forma muito feliz e harmônica”, diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimas