Após casos de meningite, presos no Rio estão em quarentena

17/04/2019 12:00

Detentos que dividiam a cela onde houve duas mortes em decorrência de meningite meningocócica foram colocados em quarentena no Rio de Janeiro. A medida foi adotada de forma preventiva pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). O órgão, porém, afirma que a situação está controlada e que exames laboratoriais realizados em alguns presos já eliminaram suspeitas de infecção.

Ao todo, três presos morreram de meningite na semana passada no estado do Rio. Dois eram internos da Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste da capital.

Um deles teria se infectado na tentativa de socorrer um outro fazendo respiração boca a boca, vindo a falecer menos de 24 horas depois, no dia 8 de abril. Dois dias depois, mais um detento foi a óbito na Cadeia Pública Patrícia Acioli, em São Gonçalo. Antes de ter dado entrada na prisão, ele havia tido contato com uma dos outras duas vítimas de meningite.

De acordo com a Seap, apenas os detentos que dividiam a mesma cela na Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha foram isolados, de forma a prevenir novas transmissões tanto entre eles como também para familiares, advogados, defensores públicos e oficiais de justiça. Exames estão sendo realizados e a previsão é de que, não havendo novas diagnósticos da doença, a situação se regularize na próxima semana, após a Páscoa.

Direitos humanos

As informações foram prestadas pela Seap à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Na segunda-feira (14), uma audiência pública abordou a questão.
A coordenadora de gestão em saúde penitenciária da Seap, Nice Carvalho, assegurou que foram adotados protocolos para lidar com a situação. "O problema está aparentemente isolado e contido", disse.

O meningococo, bactéria responsável pela meningite meningocócica, se propaga pelas vias aéreas, como nariz e boca. Preocupados com possíveis riscos enfrentados no exercício profissional, advogados criminalistas buscaram orientação junto à Caixa de Assistência dos Advogados do Rio de Janeiro (Caarj) e a entidade organizou um encontro com representantes da Secretaria Municipal de Saúde, que também acompanha o caso. Para a médica Cristina Lemos, superintendente de vigilância e saúde da pasta, não há motivo para alarme.

"O meningococo é muito frágil. Ele não vive no ambiente. Então, sua transmissão depende de contato próximo e prolongado. É o que ocorre na cela onde os indivíduos estão aglomerados em um recinto insalubre, sem ventilação, sem boa iluminação, em número de pessoas provavelmente além da capacidade. Nos encontros eventuais de advogados e familiares, o risco é muito baixo. O ambiente já tem outra condição. Geralmente são mais arejados, se for em um pátio externo, melhor ainda", disse.

Segundo Cristina, o uso de objetos em comum também não é suficiente para a transmissão da bactéria.
"Mesmo que tenha compartilhado uma caneta, o risco é baixo. Não se transmite pelo objeto. Nem usando mesmo copo ou talher. A tuberculose, que é uma doença mais prevalente entre os detentos, pode ser transmitida assim. Mas a meningite, não. É preciso ter muita descarga de meningococo. O tempo de exposição é relevante" disse.

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