Após decisão de agregar seis países, Brics passará a ter 11 membros no ano que vem
O Brics anunciou nesta quinta-feira, dia 24, a decisão de expandir o grupo de cinco para 11 membros plenos. Os líderes do bloco autorizaram que a Etiópia fosse o sexto novo membro, juntando-se aos cincos que haviam recebido aval na véspera: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos e Irã.
Impulsionada pela China, a decisão é histórica e marca a primeira vez em que o bloco é expandido em grupo. A única expansão anterior ocorreu 12 anos atrás, com o ingresso da África do Sul. A escolha dos países se deu por meio de lista, atendendo a critérios políticos e de representatividade populacional, econômica e regional.
Embaixadores interpretaram que a China quis patrocinar a nova expansão, pleiteada por 23 países candidatos, por causa das disputas geopolíticas com os Estados Unidos e como forma de tornar o Brics economicamente mais representativo que o G7, que ganhou coesão política e novo protagonismo com a guerra na Ucrânia.
“A filiação desses países é um marco histórico, mostra a determinação de união e cooperação com outros países em desenvolvimento. Essa expansão é um novo ponto de partida para cooperação entre o Brics pois nos dará mais vigor e fortalecerá a paz e o desenvolvimento mundial. O futuro é muito positivo para os países do Brics”, disse o presidente chinês, Xi Jinping.
A Rússia, por sua vez, buscava ampliar relações internacionais que se fecharam após o país invadir a Ucrânia. Isolado em Moscou, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o bloco sofre. “O Brics não está competindo com ninguém, nem em oposição a ninguém. A emergência dessa nova ordem mundial ainda tem opositores fortes que vão tentar desacelerar esse processo. Países fazem de tudo para preservar a ordem global existente com a qual estão confortáveis, porque os beneficia, tudo isso para agirem como quiserem, de acordo com o interesse de alguns Estados. É o colonialismo numa embalagem nova”, disse Putin.
O Brics passou a reunir 46% da população mundial e um PIB equivalente a 36% em paridade de poder de compra.
Estava prevista até a noite de quarta-feira, 23, a adesão de apenas cinco membros, mas o anfitrião – a África do Sul – fez apelo por mais representação da região subsaariana do continente. Brasil, Rússia, China e Índia aceitaram. A Etiópia não constava na lista de prioridades apresentada anteriormente. O Brasil não fez uma lista, mas trabalhava a favor da Argentina.
“Chegamos a um acordo sobre normas, diretrizes, procedimentos e critérios para o processo de expansão que discutimos há muito tempo. Chegamos a um consenso e aprovamos o processo de expansão. Nós decidimos convidar a Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes para se tornarem membros plenos do Brics e isso vai acontecer a partir de 1º de janeiro de 2024”, disse o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. “O Brics embarca em novo capítulo para construir um mundo mais justo inclusivo e próspero.”
Segundo o sul-africano, os líderes encomendaram aos respectivos ministros das Relações Exteriores que desenvolvam um modelo de parceria e uma lista de países parceiros, com possível criação de uma nova categoria de participação no bloco. Os avanços na criação desse modelo de relacionamento ficaram para a 16ª Cúpula, na Rússia, em 2024. Ao todo, 23 países haviam pedido para ingressar no bloco.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brics continuará aberto a novos candidatos e, por isso, foi importante aprovar os critérios de adesão. Principal conselheiro de Lula na política externa, o embaixador Celso Amorim havia dito que primeiro deveriam ser escolhidos os países, em seguida os critérios.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, disse que o Brics deve trabalhar para que os demais também se tornem membros. “Fico satisfeito que nossas equipes tenham acordado padrões, critérios norteadores e procedimentos a serem tomados na expansão e com base nesses concordamos em abrir o bloco”, disse Modi.