Após PIB do 2º tri, LCA vê ciclo de alta de 150 pontos-base para Selic, em quatro reuniões

03/set 20:08
Por Luís Eduardo Leal / Estadão

Após a divulgação do PIB do segundo trimestre, em alta de 1,4% na margem, acima do consenso para o intervalo, a consultoria econômica LCA passa a considerar um ciclo de elevação de 150 pontos-base para a Selic – a taxa básica de juros, atualmente em 10,50% ao ano – ao longo das próximas quatro reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Para a reunião de 18 de setembro do comitê de política monetária do BC americano, o Federal Reserve, a LCA aguarda corte de 25 pontos-base para a taxa de juros dos Estados Unidos. “A flexibilização da política monetária nos EUA (e em outras economias centrais) tende a moderar as pressões que vêm sendo observadas nos mercados de ativos e moedas emergentes”, aponta a LCA, em nota de atualização do cenário. “Mas, por ora, esse alívio tem sido limitado por diversos fatores de incerteza que têm mantido a aversão global ao risco em níveis ainda elevados.”

“Nosso cenário base continua a pressupor que os fatores de risco no ambiente internacional irão refluir, ainda que de maneira irregular e parcial, ao longo dos próximos meses – de modo que seguimos contemplando alguma descompressão da aversão global ao risco e das cotações de câmbio nas economias emergentes”, acrescenta a consultoria.

No contexto interno, a LCA destaca que dados sobre a atividade e o mercado de trabalho indicam que a economia doméstica permanece “bastante aquecida”, o que emerge também na leitura do PIB do segundo trimestre, divulgada nesta manhã, “largamente” acima das expectativas. “A surpresa positiva ocorreu, sobretudo, no forte crescimento do consumo das famílias, que impulsionou os setores de comércio e serviços – segmentos muito beneficiados pelo dinamismo persistente da massa de renda dos consumidores”, observa a consultoria.

“Nessas circunstâncias, o cenário de elevação da Selic – que na semana passada passamos a vislumbrar como o de maior probabilidade, mas por uma margem estreita – parece agora preponderar de forma mais clara”, acrescenta a LCA, que não antevê, contudo, uma elevação “draconiana”, na medida em que “as condições monetárias já se encontram em terreno restritivo e porque o impulso expansionista advindo da política fiscal deve arrefecer”.

Assim, o cenário base da LCA passa a contemplar “um ciclo de elevação de 150 pontos-base da taxa básica Selic, que deverá ser promovido ao longo das próximas quatro reuniões do Copom”. A consultoria também fez alguns ajustes, “modestos”, em outras variáveis macroeconômicas.

A projeção para a inflação de 2025 foi reduzida de 4,1% para 4%, “devido ao contexto em que a política monetária estará algo mais restritiva e o câmbio, um pouco mais apreciado. E apesar do aumento de riscos climáticos associados à escassez de chuvas, que levou a alterações nas bandeiras tarifárias de energia elétrica.”

Por sua vez, a projeção para o PIB de 2024 “certamente” será revista para cima, pela incorporação da “surpresa positiva” no 2º trimestre. “Já a projeção para 2025 está sob revisão tendo em vista fatores com influências opostas: o carregamento estatístico mais positivo e a política monetária mais restritiva”, acrescenta.

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