Arautos lunáticos

08/09/2019 08:00

Em um evento há poucos dias, na Academia Brasileira de Letras, o ex-embaixador e ex-ministro Rubens Ricúpero fazendo uma análise do momento atual do Brasil, soltou a seguinte pérola:  ” Esse passado próximo, não acabou de passar, é ainda o nosso presente… com a degradação dos homens que nos governam, com um governo retrógrado, cujo único programa, reside na demolição sistemática do passado”.

Neste ponto eu me pergunto: onde vivia este povo nos últimos 20 anos?

Este mesmo Ricúpero, no famoso “escândalo das parabólicas”, em 1994, nos estúdios da rede Globo, falou: “Eu não tenho escrúpulos:  o que é bom, a gente fatura; o que é ruim, a gente esconde”.

Para esta gente, hoje afastada das benesses do poder, só lhe resta uma pequena plateia, a dar ouvidos às suas bobagens, além de uma mídia tosca, que insensa zumbis e que está magoada com a perda de grandes verbas do governo para suas redações.

São estes mesmos os que alardeiam que em oito meses de governo, a única coisa que Bolsonaro fez, foi a reforma da previdência  (aviso a estes: ainda não está concluída).

Mas esquecem, ou fazem questão de esquecer e jogar para baixo do tapete, a reforma administrativa ministerial; a MP Antifraude; a MP da Liberdade Econômica; o congelamento dos concursos públicos; a extinção por decreto, de milhares de cargos, funções e gratificações no serviço público; os acordos bilaterais em bloco, com as principais economias  do mundo; as medidas de ajuste fiscal; a política de redução de juros, causa direta da saída do Brasil da recessão e afastamento da inércia do PIB. 

Iludidos, exigem novos ares imediatos na economia para o primeiro semestre deste ano, esquecendo-se de que não se resolve em poucos meses uma situação caótica, de anos a fio. Sem esquecer dos arautos da desgraça, que falam em retrocesso na democracia, como o fez Armínio Fraga em longa entrevista ao jornal “O Globo”, domingo próximo passado.  Oportuno lembrar, que Fraga é um dos articuladores da candidatura Luciano Huck 2022. A campanha já começou. 

O que me diverte é que estes mesmos silenciam sobre o fato de o primeiro-ministro britânico Boris Johnson  querer suspender o Parlamento, com o aval da Rainha Elizabeth II; seria lá também, um retrocesso da democracia? 

As pressões contra o combate à corrupção, não vêm de dentro do governo e sim de órgãos (como o STF, por exemplo, legislando e criando hermenêuticas esdrúxulas) e entidades diretamente afetadas. Talvez exista, sim, uma crise de valores; mas esta é alimentada por estes que não medem esforços para diminuir a força do combate. Querem de todas as formas, culpabilizar apenas questões ligadas à família do Presidente que serve como nuvem de fumaça para um esquecimento de questões maiores.

É possível que, e esta é a minha crítica,  esteja faltando ao governo, um olhar mais social, um reestudo dos programas de transferência de renda. Lutamos contra o tempo, cuja guilhotina é implacável.  O Brasil tem pressa, é bem verdade, mas já avançamos e continuamos avançando.   Sempre digo e não me canso de repetir: Querer mudanças significativas de curto prazo, leva a erros. Mas como pessoas que somos, ansiamos pelo encurtamento de prazos. Neste momento de grandes ajustes, porém, a paciência é prudência. 

Ainda bem que acabou a ilusão vendida pelo PT de que o país havia dado certo. 

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