Arquiteto do NAU Petrópolis explica motivação de carta contra a construção do Pavilhão Niemeyer

12/mar 15:19
Por Maria Julia Souza

Na última semana, o Núcleo de Arquitetos e Urbanistas de Petrópolis (NAU), ligado ao Instituto de Arquitetura do Brasil, emitiu uma carta desaconselhando a construção do Pavilhão Niemeyer, no Parque Natural Padre Quinha, na Avenida Ipiranga. O tema tem sido motivo de polêmica na cidade, com ambientalistas também se manifestando contra a construção do empreendimento.

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O arquiteto e um dos profissionais que assina a carta produzida pelo NAU Petrópolis, Adriano Gomes, explica que a motivação de produzir o documento foi pelo fato de acreditarem que a construção do Pavilhão irá se tornar inutilizada em pouco tempo.

“O que nos motivou a produzir essa carta foi o fato de acreditarmos que o governo está fazendo um investimento de grande montante para produzir um espaço de péssima qualidade, com forte pegada ambiental e que deve se tornar inútil em pouco tempo. Nós acreditamos firmemente na capacidade da arquitetura em apresentar soluções ótimas para problemas complexos, e sabemos das consequências do contrário. Um mal edifício vai fazer mal a cidade por, no mínimo, 100 anos”, disse o especialista.

Adriano conta que o Núcleo tem acompanhado o imbróglio envolvendo a construção do empreendimento. No entanto, conta que ele e os demais profissionais do NAU Petrópolis só passaram a de fato acompanhar a situação após a licitação para a escolha da empresa responsável pela obra vir a público.

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“O projeto deveria ter sido amplamente divulgado em sua fase de concepção, quando contribuições da sociedade civil poderiam ter sido incorporadas. Não sou contra a construção de uma estrutura ali que possa dar apoio às atividades do parque. O que não dá é colocar um verdadeiro ‘elefante branco’ de R$ 11 milhões que tem tudo para estar disfuncional em poucos anos”, explicou.

Projeto apresenta falhas

Adriano explica que o projeto como foi apresentado e licitado apresenta alguns problemas, com o maior deles podendo ser o fato da edificação ter um estilo ambiental muito grande, tanto em sua construção como em sua manutenção.

“A edificação é toda feita em concreto e vidro que são materiais que consomem muitos recursos naturais e principalmente energia. O vidro tem um outro agravante que é a possibilidade de morte de pássaros. Eles [pássaros] não conseguem perceber o vidro e acabam se chocando e morrendo. Só para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, pelo menos 500 milhões de pássaros morrem todo ano assim. Isso em uma Unidade de Conservação é um absurdo”, explicou.

Ele explica ainda sobre o fato do prédio necessitar do uso de ar-condicionado em boa parte do tempo, prática que é considerada ruim no ponto de vista ambiental.

“Da maneira como foi projetado, seu uso vai demandar ar-condicionado boa parte do tempo, o que é ruim do ponto de vista ambiental. As obras também irão aumentar o platô existente, criando muros e movimentação de terra desnecessários. Além disso, terá uma espécie de cascata e lago artificiais em um local onde a água corre naturalmente nas chuvas. Isso pode acarretar perda de diversidade”, explicou Adriano.

Projeto de Oscar Niemeyer

Adriano ressalta ainda que o projeto que será construído se difere muito do original, de autoria de Oscar Niemeyer.

“Nós do NAU defendemos que o projeto fosse fruto de um concurso público de projeto, que certamente produziria um resultado infinitamente melhor do que o que se pretende construir. Inclusive, esse concurso deveria integrar o Pavilhão às ruínas, um outro grande problema”, ressaltou ele.

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