Artesãos transformam o lixo em peças de roupa, decoração e brinquedos

12/05/2019 09:00

Sabe aquela sua sombrinha velha? A estilista Juliana Pinto transforma em um casaco impermeável. E aqueles retalhos de roupas ou panos? Vira uma linda boneca para presentear uma criança nas mãos da artesã Teresa Heinrichs. Já com 810 garrafas pets a Sueli Meira faz uma cama de casal. Os exemplos acima são só alguns dos vários produtos feitos a partir do reaproveitamento de materiais que normalmente vão para o lixo – mas que graças ao trabalho de artistas e artesão da cidade ganham uma nova utilidade. Todos eles ganham espaço para serem expostos no estande que a Comdep monta nos grandes eventos da cidade para conscientizar os frequentadores sobre coleta seletiva e reciclagem, como aconteceu na última edição da Expo Agropecuaria e voltará a acontecer na Bauernfest, em junho.

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A cidade tem três programas de coleta seletiva: “Porta a Porta”, que faz o recolhimento em alguns bairros da cidade de segunda a sexta; “coleta eventual”, que atua no Centro, em Araras, e em Corrêas sob demanda; e os ecopontos da Mosela, de Itaipava e do Quitandinha, onde a entrega de materiais recicláveis gera descontos na conta de luz. Nos três primeiros meses do ano, 128 toneladas de material reciclável e 919 litros de óleo de cozinha foram coletados nesses programas.

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“O estande da coleta seletiva dentro dos grandes eventos é um dos trabalhos dentro do Programa de Educação e Conscientização Ambiental (Peca) que a Comdep mantém. O programa conta com palestras em escolas e em empresas, que tem o mesmo objetivo do stand: mostrar para as pessoas como participar dos programas de coleta seletiva contribui para a preservação da natureza e como isso ajuda na limpeza da cidade. Estar nos grandes eventos é uma oportunidade de poder atingir um público ainda maior sobre esse tema”, afirma o presidente da Comdep, Wagner Silva.

 Seis artesãos puderam expor trabalhos de reciclagem na Expo

No último evento em que o estande foi montado, seis artesãos puderam expor produtos que fizeram a partir de reciclagem e até vender artigos para casa, decoração e vestuário. São pessoas que trazem consigo não apenas a criatividade de enxergar possibilidades novas para aquilo que geralmente vai para o lixo, mas que possuem também a consciência de estar cuidando do meio ambiente ao retirar materiais que poderiam degradar a natureza por anos, séculos e até milênios.

“Existem diversos artistas que além de evitar o descarte incorreto, ainda trabalham a conscientização ambiental e agregam valor ao que é considerado lixo. Porém, muitas vezes essas iniciativas ficam isoladas e espalhadas, sem alcançar o reconhecimento merecido. Trazendo esses artistas para expor no estande da Comdep, criamos um espaço de divulgação e intercâmbio destas iniciativas”, explica a coordenadora do Programa de Educação e Conscientização Ambiental da Comdep, Jussara Gatto Justen.

Há um ano, Juliana Pinto foi desafiada na faculdade de Moda a criar uma marca que tivesse um apelo sustentável. Foi então que ela teve ideia de reaproveitar o tecido de sombrinhas para fazer casacos – que além de protegerem do frio, ainda possuem outra vantagem: são impermeáveis, adequados para uma cidade em que chove bastante como Petrópolis. Hoje, ela já vende os casacos com a marca “Relevo”, outra inspiração que teve com as características do município.

“Eu sempre gostei desse tema de sustentabilidade. Um casaco pequeno eu uso duas sombrinhas, já um grande são três ou quatro. Tento fazer peças mais jovens, mais coloridas. Acho que espaços como esse estande são super importantes, porque a sustentabilidade é o futuro, então quanto mais as pessoas saberem o que dá para reaproveitar, melhor”, acredita a estilista.

Marta Monteiro, depois de trabalhar na área de turismo, passou a trabalhar com produtos recicláveis. No estande, ela e o marido, Carlos Monteiro, especialista em sustentabilidade, mostraram bolsas, mochilas e carteiras que foram criadas com lonas feitas a partir de garrafas pets. Também no espaço é possível conhecer peças de decoração, como mosaicos feitos com colagem de cacos de vidro, uma técnica chamada de “Picassiette”.

“É uma arte na minha vida. Estou em todos os eventos no stand da Comdep, que é uma forma de conscientização das pessoas. O mundo não suporta só criar lixo, as pessoas têm que aprender a aproveitá-lo para retirar esse resíduo da natureza”, diz ela.

 Reciclando e brincando

Já Oseas Siqueira busca atingir um outro público: as crianças. Ele usa latinhas de bebidas e de alimentos, tampinhas de garrafa e outras embalagens para fazer brinquedos simples – bonequinhos, animais, vasos de plantas. E o objetivo é um só:

“A criança chega no estande e identifica que todos esses materiais ela encontra em casa. Isso vai conscientizar elas a não desperdiçar nada. É importante vir desde cedo formando essa consciência”, afirma.

Outra artesã que trabalha com brinquedo é Teresa Heinrichs. Ela aproveita retalhos de roupas ou de qualquer tecido para fazer bonecas e usa como base para corpo dessas peças uma garrafinha de refrigerante, aquelas do tipo “caçulinha”. Mas no caso dela, não é só a sustentabilidade uma marca desse trabalho.

“Eu trabalho montando bonecas negras, para que as meninas negras também se identifiquem. E também faço outros produtos que eu posso vender. Quem vê os produtos no estande percebe que também pode conseguir renda aproveitando esses materiais. Para um desempregado, por exemplo, dá para fazer um trabalho muito rico. E com a reciclagem, muita coisa vai deixar de ir para o lixo”, ressalta ela.

 “Era lixo, virou luxo”

Sueli Meira é uma agente de saúde que criou um projeto chamado “Era lixo, virou luxo”. Ela também coordena o “Grupo Florescer”, que tem oficinas toda sexta-feira para ensinar mulheres da Estrada da Saudade a transformar “o dito lixo”, como ela diz, em peças práticas para casa. Na Expo, ela mostrou uma cama que ela construiu com 810 garrafas pet. Mas não foi só isso que ela fez: de uma embalagem de amaciante, nasceu um porta-jóias; dois pneus viraram um puff; e ainda teve cadeiras, colchas, quadros e banner que ficaram expostos no estande. “Durante um evento como esse, muita gente pode mostrar o que faz. E é legal ver a reação de cada pessoa. Ninguém consegue ficar indiferente”, destaca.


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