Asas ao sonho: vaquinha para intercâmbio

20/05/2018 09:00

Um sonho de criança: ser cientista! Ela não sabia ao certo o que isso significava na prática, mas já sentia uma enorme necessidade em buscar conhecimento, principalmente na área de estudo voltada para natureza. Já no ensino médio a dúvida: o que escolher? Afinal matemática, física, química e biologia significavam um mundo de possibilidades animadoras. Desde sempre a rotina foi a mesma, estudar, estudar, estudar e agora, aos 20 anos, também dar aulas. E mesmo com toda dedicação e desejo de cursar ciências naturais, a petropolitana Thamyris Britto, não tinha condições financeiras de mudar para cidades que tinham o curso, e por isso optou pela física no CEFET Petrópolis. 

Atualmente, no 5° período da faculdade de física, a jovem foi selecionada para um intercâmbio muito disputado no exterior. Apenas duas vagas para todos os campus do CEFET foram disponibilizadas, e a petropolitana foi uma das escolhidas. Mas junto com mais essa conquista a falta de dinheiro voltou a ser um empecilho. A jovem precisa de R$ 5 mil para custear passagens aéreas, visto, passaporte, e para o primeiro mês que ficará na Espanha, onde está localizada a Universidad de Valladolid, que oferece a oportunidade de intercâmbio através de parceria com faculdades do Brasil, entre elas o CEFET. E para conseguir a quantia inciou uma campanha nas redes sociais. Após o primeiro mês de intercâmbio a faculdade disponibilizará uma bolsa de € 350 para os alunos selecionados conseguirem se manter lá.

“É uma oportunidade de crescimento e expansão incrível pra quem deseja realmente seguir a vida acadêmica. Felizmente eu consegui, devido ao meu desempenho ao longo do curso. Mas não tenho os R$ 5 mil necessários para os gastos iniciais, para que seja possível o intercâmbio. Até agora consegui arrecadar apenas R$ 40 no site da Vakinha. Eu vivo apenas com a bolsa que recebo do CEFET, no valor de R$ 400, por conta da pesquisa que faço no laboratório da unidade, onde faço pesquisas na área de radiação ultravioleta. Mapeio a incidência na cidade e estudo pra posterior divulgação os riscos da exposição”, explicou. 


Estágio e monitoria voluntária fazem parte da rotina da jovem

A jovem ainda é monitora voluntariamente em mais de uma disciplina para alunos do Ensino Médio do CEFET. “Não ter aulas particulares fez falta na minha formação. Senti defasagem do ensino médio quando entrei pra uma faculdade, extremamente difícil, e “carregada” na matemática.

Então é algo que eu tento sempre tornar melhor para os meus alunos, para que eles um dia tenham a mesma oportunidade que eu, de estudar fora, mas por um caminho menos tortuoso”, desabafou.

Thamyris também faz estágio na unidade, de 12h30 até 18h15. Já as 18h30 começam as aulas dela, que terminam às 22h40, ou seja, a jovem passa o dia todo estudando ou dando aulas. Além disso, às terças e quintas realiza um projeto junto com o professor de estágio, para oferecer monitoria de física para os alunos do ensino médio, de 9h30 até 11h30. Depois desse horário estuda na biblioteca ou então no Laboratório de Pesquisas em Física Aplicada, da qual é bolsista. 

“Eu sempre estudei em colégios públicos da cidade, e empenhei muito, mesmo quando precisava trabalhar para ajudar nas despesas de casa. Sou de origem humilde, fui criada apenas pela minha mãe com meus dois irmãos, trabalhando dentro e fora de casa para ajudar no sustento da família. Quando passei pra faculdade por meio do Enem, minha mãe resolveu tentar uma vida melhor em Teresópolis, e eu passei a morar sozinha em Petrópolis para não desistir dos meus estudos”, contou emocionada. 


Thamyris vive com apenas R$ 400 por mês

Mesmo diante das dificuldades a jovem está esperançosa em conseguir a quantia necessária para realizar o sonho de estudar no exterior. Afinal mesmo sem ter feito curso de espanhol ela passou na prova seletiva, depois de estudar a língua de forma independente. “Além disso, o pouquinho que sei de inglês também é estudo meu, assim como estudei sozinha para o Enem. E mesmo quando ganhei bolsa para uma escola particular não pude ir pois não tinha dinheiro para os livros. Atualmente os R$ 400 que ganho são para pagar as contas de casa e passar o mês. E para economizar as passagens vou e volto a pé todos os dias do CEFET, que fica cerca de uma hora de distância da minha casa, pois moro na localidade Vila Felipe”, disse.


Como ajudar

Os interessados em ajudar podem doar qualquer valor no site Vakinha, em nome de Thamyris Britto, ou doar para uma conta do Banco do Brasil, agência:2885-1, conta-corrente: 28612-5. 





Últimas