Atleta jamaicana recebe medalha olímpica 24 anos depois de conquista em Sydney-2000

10/ago 10:26
Por Estadão

A jamaicana Beverly McDonald teve um intervalo de 24 anos entre a disputa dos 200m rasos nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000 até finalmente receber a medalha de bronze, em cerimônia que ocorreu durante a Olimpíada de Paris. Ela, que hoje tem 54 anos, havia terminado a prova em 4º lugar, mas a norte-americana Marion Jones confessou doping, sete anos depois da disputa, o que fez com que McDonald tivesse direito ao pódio.

Jones havia conquistado o ouro, seguida por Pauline Davis-Thompson, das Bahamas, e Susanthika Jayasinghe, do Sri Lanka. Após a confissão, cada uma das outras medalhistas subiram um degrau do pódio, e McDonald pôde ser promovida ao terceiro lugar. Ela tinha terminado a prova 0s07 atrás da medalha de bronze.

Agora, a jamaicana tem finalmente as três medalhas olímpicas que conquistou na carreira. Além do bronze nos 200m rasos, ela foi campeã no revezamento 4x100m em Atenas-2004 e prata, na mesma prova, em Sydney.

MEDALHAS DEVOLVIDAS, PRISÃO, RETORNO NO BASQUETE E ‘COACH VENCEDORA’

Já Marion Jones teve cinco de suas conquistas na Austrália anuladas e devolvidas ao COI. Ela havia vencido três ouros e dois bronzes. Também foram desqualificados dois pódios que ela havia conquistado no Campeonato Mundial de Atletismo, em 2001, nos 100m rasos e no revezamento 4x100m. “Devido ao que fiz, estou me aposentando das pistas de atletismo, o esporte que eu amo”, disse Jones, na época, quando admitiu o uso de anabolizantes.

Além dos 200m, cada uma das medalhas de Jones em Sydney teve um rumo diferente. Nos 100m, ninguém ficou com o ouro. Ekaterini Thanou, da Grécia, e Tayna Lawrence, da Jamaica, dividiram a prata, e a jamaicana Merlene Ottey, foi bronze. No salto em distância, a russa Tatyana Kotova herdou o bronze, que havia sido vencido pela norte-americana.

Os casos mais complicados envolveram provas por equipes, os 4x100m (em que o time dos Estados Unidos foi ouro) e os 4x400m (bronze). A confissão de Jones foi em outubro de 2007. Um mês depois, a World Athletics recomendou que o COI desclassificasse as equipes nas duas categorias.

Marion Jones, mantém vida midiática e concede entrevistas sobre resiliência, em programas como Good Morning America, da emissora norte-americana ABC, apresentado por Robin Roberts.

Somente em abril de 2008, o COI pediu a devolução das medalhas de companheiras de Jones. Entretanto, não houve remanejamento de pódio. Houve processos no Tribunal Arbitral do Esporte e, dois anos depois, as medalhas voltaram para as atletas.

Oficialmente, as equipes, com exceção de Marion Jones, constam com os mesmos resultados obtidos na Olimpíada. Apenas Nanceen Perry, que não recorreu da decisão do COI, ficou sem o bronze.

A atleta norte-americana prestou depoimento a uma corte federal antes de admitir publicamente o uso de anabolizantes. Ela aceitou a pena de dois anos de suspensão, imposta pelo Comitê Olímpico dos Estados Unidos. O COI a baniu dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 e anulou o quinto lugar dela na prova de salto em altura em Atenas-2004.

Na Justiça comum dos Estados Unidos, após dois processos federais, Jones foi condenada a seis meses de prisão por falso testemunho sobre o uso de esteroides e sobre um caso de fraude envolvendo seu ex-namorado Tim Montgomery, ex-recordista mundial dos 100 metros. Ela cumpriu a pena integral na prisão federal de San Antonio, entre janeiro e setembro de 2008, na época com 32 anos.

Em 2010, Jones ainda voltou ao esporte, mas como armadora no antigo Tulsa Shock, da WNBA. Ela jogou por duas temporadas, somando 47 partidas, e foi dispensada em 2011. Atualmente, ela atua como palestrante. No seu site oficial, é definida como “empreendedora, personalidade da mídia, treinadora e coach especialista em vencer”. Ela afirma já ter “ajudado 1 milhão de pessoas” com treinamentos.

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