Ato em frente à Casa da Morte marca início da programação da Semana da Memória, Verdade e Justiça

31/03/2021 18:36
Por Redação / Tribuna de Petrópolis

Começou nesta quarta-feira (31) a programação da Semana da Memória, Verdade e Justiça em Petrópolis com ato em frente à Casa da Morte. No espaço foram colocadas faixas: “Ditadura Nunca Mais” e “Pela transformação da Casa da Morte em um Centro de Memória”. As atividades organizadas pelo Grupo Pró-Memorial Casa da Morte, Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) de Petrópolis e sociedade civil vão até o dia 6 de abril.

A Semana da Memória é prevista em lei municipal e ocorre sempre a partir do dia 31 de março, data considerada como o início do golpe militar de 1964, que deu origem a 21 anos de ditadura, onde ocorreram perseguições políticas, sequestros, torturas e assassinatos no Brasil.

O objetivo da semana é evitar que tais acontecimentos sejam esquecidos pela sociedade, lembrando que centenas de brasileiros são considerados desaparecidos mesmo 57 anos após o início da ditadura no país e toda a geração foi marcada pelas graves violações contra os direitos humanos naquele período.

A programação começou com o ato em frente a Casa da Morte de Petrópolis que é conhecida como um dos principais centros clandestinos de tortura e assassinatos de presos políticos do país no início da década de 1970. De acordo com pesquisa feita pela Comissão da Verdade de Petrópolis pelo menos 22 pessoas foram torturadas e mortas no imóvel. A única sobrevivente foi Inês Etienne Romeu, responsável por denunciar a existência do aparelho de torturas e assassinatos. A militante morreu em 2015 em sua casa em Niterói.

A programação da Semana da Memória em Petrópolis continua na quinta (1º de abril), com lançamento virtual do documentário “Se eu morrer”, de Pedro Eiras, que conta detalhes da história da Casa da Morte a partir de testemunhos de pessoas envolvidas na luta para transformá-la em um Centro de Memória. Em seguida, o diretor e roteirista vai participar de um debate ao lado de Arthur Moura, um dos diretores do filme “Araguaia, presente”, que fala sobre a Guerrilha do Araguaia que dizimou militantes entre 1967 e 1974. A mediação será feita pela jornalista Aline Rickly.

Ainda nesta quinta, o historiador Glauber Montes, também integrante do Grupo Pró-Memorial, vai participar da live “Autoritarismo ontem e hoje”, às 18h, pelo Youtube do Coletivo RJ, Memória, Verdade, Justiça e Reparação.

Já na sexta-feira (2), vai ocorrer a live “Não esquecer o que não cessa: Lugares de Memória, Violência de Estado e Resistência no Rio de Janeiro”. A live será transmitida pelo canal do Centro de Memória Sul Fluminense (Cemesf) no Youtube e terá a participação da historiadora Rafane Paixão, do Grupo Pró-Memorial Casa da Morte. Também vão participar da live: Fransérgio Goulart, da Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial; Marcelo Dias, do Movimento Negro Unificado, Felipe Nin, do Ocupa DOPS; e Alejandra Estevez do Cemesf.

A programação da Semana da Memória em Petrópolis será encerrada na terça-feira (6), às 20h, com a live promovida pela página do Facebook do CDDH que vai contar com a participação de Anita Prestes, historiadora e filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes; e do teólogo Leonardo Boff. Símbolos da luta pelos direitos humanos no país, eles abordarão o tema “Até onde a ditadura militar nos deixou marcas?”.

Daniele Linden, advogada do CDDH e integrante do Grupo Pró-Memorial, afirma a importância de sempre retomar o tema e mostrar a gravidade do que ocorreu naquele período. “Ainda hoje, temos que presenciar pessoas pedindo a volta da ditadura e homenageando torturadores. Não podemos permitir a propagação desse ódio. E infelizmente, Petrópolis, lugar onde existiu uma casa em que aconteciam as mais diversas formas de prisão e tortura também é cidade natal de quem defende a volta do AI-5. Nem todo mundo entendeu, mas muita gente não esqueceu”, afirma.

Sobre a semana

A Semana da Memória, Verdade e Justiça em Petrópolis é prevista pela lei municipal n° 7.398 de 2016. A finalidade é divulgar os fatos que ocorreram na cidade e no país durante os 21 anos da ditadura com o objetivo de valorizar a história de luta dos trabalhadores, assim como o legado dos movimentos populares e sindicais, já atuantes no século 20 em Petrópolis e esclarecer à população sobre os fatos e processos ocorridos, bem como o papel desempenhado pelas instituições na vigência da ditadura militar no Brasil entre os anos de 1964 a 1985.

Além disso, a programação da semana visa resgatar as identidades de luta política na sociedade petropolitana, através da memória e do reconhecimento de ativistas, militantes, figuras políticas e vítimas que defenderam a democracia e os direitos sociais e humanos; afirmar a importância dos direitos fundamentais previstos nos artigos 5º e 6º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; tornar públicas as omissões e violações aos direitos humanos no município e abordar, como tema principal, as prisões, abusos, torturas e assassinatos realizados na Casa da Morte e outros aparelhos de repressão no período de ditadura militar.

Programação:

  • Quarta (31/03) – Ato virtual em prol da Desapropriação da Casa da Morte
  • Quinta (01/04) – Lançamento do curta “Se eu morrer”, de Pedro Eiras, seguido de debate sobre cinema engajado com o diretor e com Arthur Moura, um dos diretores do filme “Araguaia, presente” – 19h – Página do Facebook do Grupo Pró-Memorial Casa da Morte
  • Quinta (01/04) – Autoritarismo ontem e hoje – Youtube do Coletivo RJ Memória, Verdade, Justiça e Reparação
  • Sexta (02/04) – Não esquecer o que não cessa: Lugares de Memória, Violência de Estado e Resistência no Rio de Janeiro – Canal do Youtube do Cemesf – 19h
  • Terça (06/04) – Live “Até onde a ditadura militar nos deixou marcas?” Com Anita Prestes e Leonardo Boff – Página do Facebook do CDDH – 20h

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