Aulas on-line: disciplina e organização podem ser a chave para as mães multitarefas

Filhos, trabalho, casa. Pode parecer pouco, mas esses itens representam uma longa lista de responsabilidades, que agora voltam a se conciliar com as atividades escolares. No dia três de fevereiro as aulas da rede privada foram retomadas em Petrópolis, ainda de forma remota, por meio de plataformas digitais. Já as aulas da rede pública começaram no dia quatro de fevereiro, também remotamente. Depois de um ano estudando em casa por conta de medida preventiva a covid-19, a expectativa de volta às aulas presenciais ainda não foi atendida. Assim, as famílias voltam a adequar a rotina doméstica ao aprendizado dos filhos.

Especialmente para as famílias com crianças menores, para as quais precisam oferecer maior suporte para o acompanhamento das aulas e execução das atividades, essa é uma tarefa que ocupa boa parte do dia. E como fazer para dar conta de tudo? A assistente contábil, Marcela Thomaz, de 38 anos, tem dois filhos em anos letivos diferentes, o menino de 12 anos no 7° ano e uma menina, de 10 no 5°. As atividades escolares tiveram que entrar na rotina e aos poucos toda a família foi se adequando, ao ponto de atualmente, estarem habituados e terem a certeza de que com a dedicação de todos é possível fazer funcionar.

No início da pandemia Marcela estava desempregada, o que contribuiu para o acompanhamento dos estudos de perto, mas agora, trabalhando fora, a mãe e os filhos tiveram que se reorganizar para dar conta. “Agora só estou em casa à noite, então, vejo com eles o que é para ser feito no dia seguinte. Assisto aos vídeos e na tarde do dia seguinte eles têm a responsabilidade de fazer as tarefas para que eu, ao voltar do trabalho, dê uma olhada antes do envio para a escola”, conta Marcela, que não tem expectativa e nem segurança de que as aulas presenciais voltem antes da vacinação. “Se parar para pensar a maioria dos adultos não cumpre o distanciamento social como deveria, como esperar que as crianças consigam?”, destaca.

A médica veterinária, Cristiane Leoni Barbosa, de 35 anos, também passou por dificuldades para se adaptar aos estudos das filhas gêmeas, de sete anos de idade, que ano passado iniciaram a alfabetização. “Achei que nada daria certo, pois sou veterinária e não possuo didática para alfabetizar ninguém, mas com carinho e apoio familiar conseguimos tirar de letra o desafio! Saímos mais fortes e unidas do que nunca”, conta a mãe, que para esse ano encontra desafio ainda maior. “Esse ano estou com carga horária aumentada no trabalho, mas felizmente posso contar com apoio da minha irmã e mãe para nos ajudar com os novos desafios”, conta Cristiane, que após a longa jornada de trabalho, terá o horário pós expediente e os dias de folga para revisar os estudos com as filhas. “Não é simples conciliar tudo, mas com paciência, dedicação e amor vamos enfrentar mais um ano escolar!”, considera.

Cristiane, assim como Marcela, não acha que é o momento de voltar com as aulas presenciais. Apesar de toda a carga aumentada que o estudo em casa oferece para o dia a dia. Para essas mães, a reabertura das escolas nesse momento é algo considerado inviável. Ambas optam por absorver mais uma tarefa para as suas vidas, que é acompanhar ativamente os estudos dos filhos, mas não cogitam retornar com eles para as escolas sem a vacina. Cristiane por ser da área de saúde e ter vivenciado de perto o drama da doença, não quer arriscar. “Perdemos meu pai e alguns amigos queridos para a covid-19 e levamos muito a sério essa pandemia e todas suas consequências. Já temos dificuldades para elas [as crianças] se adaptarem às novas regras durante a pandemia em casa, imagino então as dificuldades que professores e orientadores iriam enfrentar com tantas crianças para controlar”, pondera Crisitiane.

Organizar tarefas, criar cronogramas é o que pode fazer o dia a dia mais proveitoso

Para a psicóloga Thaise Moraes, que trabalha diretamente com crianças e adolescentes é possível observar a frustração dos pequenos em não poder voltar para as aulas nas escolas. Assim como é difícil para as mães, a profissional destaca a problemática que é para as crianças se dividirem nos dois papeis, de alunos e filhos, dentro de casa. E para isso se tornar mais fácil e menos traumático ela considera ser de fundamental importância criar uma “rotina ou cronograma para ajudar na organização das tarefas”.

“A maior dificuldade, na minha opinião, é ter que enfrentar uma dupla jornada: [as mães] precisam desempenhar tarefas árduas tanto no trabalho quanto em casa, além de ter que auxiliar os filhos nas aulas on-line”, conta Thaise, destacando ser de grande importância estipular horários para as atividades, como as aulas e tarefas de casa, sem deixar de lado os momentos de descanso e de brincadeira. “Isso diminui a ansiedade da criança, pois ela já sabe o que vai acontecer durante o dia dela e ajuda a mãe a dar conta de tudo”, explica.

Thaise considera que a pandemia trouxe um desafio para a vida das famílias como um todo. O estudo em casa é um deles, mas há todo um contexto que deve ser observado. “A rotina diária de cada pessoa agora está acontecendo dentro de casa e, com isso, o tempo de convivência entre as pessoas da família está sendo um grande desafio para alguns, pois está exigindo maior equilíbrio emocional. Para outros, essa está sendo uma oportunidade única de prazer e fortalecimento entre seus membros”, destaca.