Bairros da cidade ainda sofrem os reflexos da chuva que caiu durante cerca de dez dias
A cidade de Petrópolis está em situação de emergência desde a última terça-feira e, de acordo com a Secretaria de Proteção e Defesa Civil, 904 ocorrências pelo 199 foram registradas desde o dia 15 deste mês. As centenas de pequenos e grandes deslizamentos em vias públicas foram até o momento o recorde nas chamadas. As demais ocorrências envolvem inundações, alagamentos e pedidos de vistoria preventiva. Desde sábado (16) técnicos – engenheiros, geólogos e arquitetos – de toda a Prefeitura estão nas ruas diariamente, incluindo fins de semana, para vistoriar os imóveis de todas as ocorrências registradas na Defesa Civil. Até o momento não houve vítimas ou feridos.
Ainda de acordo com os dados da Defesa Civil, até ontem 161 imóveis foram interditados por técnicos da Defesa Civil por não oferecerem segurança para os moradores e 181 famílias desalojadas – 606 pessoas. O distrito de Pedro do Rio foi o local mais afetado e para atender a população foi montada uma base de operações e atendimento na Escola Municipal Monsenhor João de Deus Rodrigues, que fica às margens da BR-040.
Durante a semana, a Tribuna registrou as principais ocorrências provocadas pelas chuvas. No meio da semana, os moradores da divisa da Estrada José Joaquim Ferreira (Paiolinho) com a Estrada do Taquaril ficaram ilhados devido à queda de, pelo menos, seis barreiras e postes pendurados. Eles também ficaram sem energia elétrica. Já no distrito de Itaipava, a rua Alameda da Aclimação, no bairro da Lajinha, caiu sobre o quintal de uma casa e destruiu a parte externa do imóvel. A via, que já estava interditada, foi totalmente isolada devido ao risco de novos deslizamentos.
No decorrer da semana, no primeiro distrito, foram registradas, pelo menos, quatro quedas de árvores que impediram a passagem nas vias e congestionaram pontos como a Barão do rio Branco e o morro do Fragoso. Deslizamentos de terra e pedras também foram identificados na UPA Centro, nos bairros Sargento Boening, Caxambu, Provisória, Cuiabá, nas ruas Quissamã, Estrada União e Indústria, Estrada do Cascatinha, dentre outros. A Prefeitura destacou que o Centro Histórico e a rota turística da cidade não foram atingidos e os pontos turísticos funcionam normalmente. No caso de qualquer sinal de instabilidade na casa ou no terreno, o morador deve ligar para a Defesa Civil pelo telefone 199 e solicitar uma vistoria. A ligação e o serviço são gratuitos.
Ainda com as chuvas, algumas regiões sofrem com a falta d'água e, segundo a concessionária Águas do Imperador, o problema é devido à quantidade água que chega com muitos detritos, folhas e galhos às estações de tratamento, o que impede a realização do tratamento imediato.
Pela cidade
No início da manhã de ontem, uma árvore centenária com mais de 7m caiu dentro do Rio Piabanha, na altura da entrada do bairro Duchas. Parte da rua cedeu por conta das raízes e por volta das 10h agentes da CPTrans sinalizaram o local. Ninguém ficou ferido.
De acordo com os agentes, a árvore estava com sobrecarga de peso devido a várias bromélias pelos galhos e tronco. E a vistoria dessas vegetações ao longo do Piabanha já é uma reivindicação antiga dos moradores mais próximos, que se preocupam tanto com a possibilidade de algum tipo de acidente, como com os riscos de proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, do zika vírus e da Febre chikungunya. Os moradores da servidão Manoel Kapps, no Quarteirão Ingelheim, no Bingen, ficaram impedidos de sair de casa na manhã de ontem. Um muro caiu durante a madrugada de ontem e, além de ilhar os moradores, atingiu a parte de uma casa próxima. Ninguém ficou ferido.
O morador da servidão, Dionézio Pereira, teve a passagem impedida e não pôde ir trabalhar, assim como a vizinha Zilda Pereira da Cruz. Segundo ela, o motivo da queda foram as últimas chuvas que abalaram a estrutura. Ela foi mais uma das pessoas que não conseguiram ir trabalhar na manhã de ontem. “Muita terra caiu e aqui ninguém entra e ninguém sai. Quando acordei vi o muro caído e liguei avisando que não havia como sair de casa. Ele não estava cedendo, o problema foram as chuvas”, fala.
Ainda segundo Zilda, as chuvas também causaram problemas na tubulação de água que abastece a servidão e alguns moradores ficaram sem o recurso durante a semana. Ela ainda disse que sua casa não sofreu as consequências, pois tem uma cisterna.
Mais uma cratera
Um buraco de mais de 5m de comprimento e 2m de largura se formou na madrugada de ontem na rua Saldanha Marinho, em frente ao número 197. Apesar da principal causa dos buracos ao longo de toda a cidade serem as chuvas, o motivo da queda de parte do asfalto foi a obstrução de uma rede da concessionária Águas do Imperador. O trânsito está operando em meia pista e estava sendo sinalizado pela manhã de ontem por agentes da concessionária.
Os moradores não souberam dizer o momento exato em que a rua cedeu, mas informaram que nenhum acidente aconteceu. Os técnicos da Águas do Imperador que trabalharam no reparo da tubulação na manhã de ontem informaram que não há previsão para terminar o serviço.
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