Bingen-Quitandinha: ruas estreitas, buracos e mato

17/12/2017 07:00

As péssimas condições de conservação das ruas do Parque São Vicente podem ser um obstáculo a mais na ligação entre os bairros Bingen e Quitandinha. Com asfalto cedendo, paralelepípedos desnivelados e sinalização precária, as ruas Amazonas, Vassouras e Paula Buarque não oferecem condições estruturais adequadas para tal intervenção – denunciam os moradores.

Célia de Freitas, enfermeira, de 45 anos, disse que o bairro não recebe intervenções há mais de um ano. “Tudo que fazem aqui são coisas paliativas. É só capina e olhe lá. E só fazem isso quando já está num nível crítico. Essa placa aqui foi colocada há mais de dez anos e até hoje ninguém nem substituiu. Está torta, apagada, e assim vai ficar”, contou. 

Ao passar pelo local, a equipe da Tribuna flagrou diversos trechos esburacados onde até os ônibus têm que desviar pela contramão. Além disso, o mato toma grande parte das margens das vias, que não tem calçadas e não aparentam comportar tráfego mais intenso. “É buraco, é paralelepípedo faltando. Onde tem asfalto está tudo quebrado. É um caso sério, bem complicado. Para colocar isso em prática é preciso ter cuidado e trabalhar para que dê certo. Não é só falar, desenhar mapa e dizer que vai funcionar tudo bem. Queremos ver a prática”, completou a enfermeira.

O engenheiro civil Sandro Magdalena, que é petropolitano e trabalha na capital do Estado, disse que um estudo técnico no local será fundamental para que o projeto dê resultados. “Sabemos que é um pleito muito antigo da população de Petrópolis. E que isso será muito benéfico para a cidade. Mas antes de colocar para funcionar o poder público tem que fazer um estudo seguido de uma série de intervenções no bairro. As vias precisam ter largura suficiente para isso, e ter estrutura no solo para comportar todo esse tráfego. Tem uma série de questões que precisam ser analisadas e alteradas”, explicou. Ainda segundo Sandro, caso as intervenções não sejam feitas os resultados podem ser negativos, e acabar inviabilizando novamente o projeto. “Se colocarem de qualquer jeito lá com certeza vai gerar problemas e vai ser mais um chute em falso. Não podemos errar. Esse é o momento, essa é a chance de ter essa ligação”, completou.

O projeto apresentado pela Prefeitura, por meio da CPTrans, prevê a extensão da mão dupla vigente na BR-040, para mais 1,2 quilômetro, até a subida da Rua Amazonas, que fica na pista sentido JF da rodovia, altura do Quitandinha. Com isso, a linha contínua seria estendida até um pouco depois do túnel, onde os motoristas poderiam acessar o Quitandinha por meio do Parque São Vicente, acessando a BR-040 novamente próximo ao Duques. 

Para a Prefeitura, a alteração será a melhor saída no momento com o objetivo de viabilizar o projeto. “A operação em mão dupla do trecho entre os km 81 e 78 da pista sentido Juiz de Fora mostra que este pleito é plenamente possível de realizar. É uma medida que Petrópolis pede há muito tempo e que jamais recebeu a devida atenção. Isso vai facilitar o deslocamento de quem sai do Bingen e ainda vai ajudar o trânsito do Centro Histórico, já que hoje esses veículos precisam obrigatoriamente passar pelo Centro para depois acessar o Quitandinha”, disse Bernardo Rossi. 

O projeto em questão foi aprovado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que garantiu viabilizá-lo até o fim do ano. O anúncio foi feito pelo próprio diretor do órgão, no fim do mês passado. A direção da Agência disse que empenha esforços para que a ligação seja feita o quanto antes. 

Uma espera de décadas

A ligação entre do Bingen com o Quitandinha é sonhada pelos petropolitanos por mais de três décadas. Além de facilitar a vida de quem mora ou trabalha na chamada Zona Sul da cidade, a intervenção deve aliviar o trânsito em todo o centro-histórico da cidade, uma vez que hoje, apesar das alternativas, a maior parte dos motoristas que parte do Bingen e região com direção ao Quitandinha passa pelo Centro para acessar o bairro. 

As tentativas de ligar os dois bairros por meio de uma via no sentido Quitandinha começaram em 1999, mas o projeto não chegou a sair do papel. Posteriormente, no início desta década, entre 2010 e 2012 o governo vigente, do então prefeito Paulo Mustrangi, a ideia voltou a ser debatida, mas também não saiu do papel. 

Anos depois, a  pedido do então prefeito Rubens Bomtempo, o projeto foi incluído nas obras da Nova Subida da Serra, executadas pela Concer. No entanto, com tantos atrasos até o hoje o projeto não foi viabilizado.


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