Biólogo explica os impactos das queimadas para os animais e a influência no clima

25/set 16:45
Por Maria Julia Souza I Foto: Divulgação

O aumento significativo nos registros de queimadas traz sérios impactos para a fauna da região, além de influenciar o clima. Segundo o último levantamento realizado pela equipe da Tribuna, somente no mês de setembro (até o dia 23), Petrópolis havia registrado 98 ocorrências de fogo em vegetação.

O biólogo Glauco Zeferino, que desde 2013 atua no resgate da fauna e na educação ambiental, explica os impactos – diretos e indiretos – que as queimadas podem ocasionar para os animais.

Foto: Arquivo Pessoal

“O impacto direto ocorre quando os animais são diretamente afetados pelo fogo, sofrendo queimaduras ou até mesmo morrendo. Já o impacto indireto envolve as consequências que o incêndio provoca posteriormente. Por exemplo, um animal pode conseguir fugir do fogo, mas ao retornar ao seu habitat após o controle do incêndio, pode encontrar o ambiente degradado, sem os recursos necessários para sua sobrevivência, como alimento e abrigo. Além disso, durante a fuga, é comum que os animais tentem atravessar estradas e acabem sendo atropelados”, explica.

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Influência no clima

Além dos impactos ocasionados aos animais, as queimadas também podem influenciar diretamente o clima, como explica o biólogo.

“As queimadas influenciam o clima tanto localmente quanto globalmente. Estudos mostram que cerca de 25% das emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, estão diretamente ligadas à queima de florestas. Em Petrópolis, o impacto direto das queimadas nas mudanças climáticas está relacionado à alteração do microclima urbano”, explica.

Ele ressalta ainda que o fenômeno pode ser percebido pelos moradores no aumento da temperatura, ocasionado pela presença de fumaça no ar.

“Além disso, as queimadas degradam o solo, reduzindo sua capacidade de absorção da água da chuva, o que aumenta o risco de enchentes. Outro efeito importante é o aumento de doenças respiratórias devido à piora na qualidade do ar”, ressalta Glauco.

Recuperação da fauna

Glauco explica ainda que não é possível determinar um tempo exato para a recuperação da fauna afetada pelas queimadas, uma vez que a questão depende de vários fatores.

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“Precisamos primeiro avaliar o grau do impacto, como a quantidade de animais atingidos direta e indiretamente. Só com essas informações podemos estimar um período de recuperação”, disse o biólogo.

Ele cita ainda como exemplo, um estudo publicado na revista científica Biologia e Conservação Neotropical.

“Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) concluíram que uma área degradada pode levar mais de três décadas para se regenerar completamente. Ou seja, uma área queimada hoje pode levar mais de 30 anos para voltar ao seu estado original”, acrescenta.

Dia da Fauna

No último domingo (22) foi celebrado o Dia da Fauna, com o objetivo de sensibilizar a população para que todos reflitam sobre seus comportamentos e entendam como podem contribuir para a conservação da fauna.

“O Brasil é o país com a maior diversidade de fauna no mundo, abrigando mais de 100 mil espécies de animais, e essa riqueza natural é um patrimônio de cada brasileiro. A conservação ambiental é o único caminho para garantir a preservação dessa fauna. Acredito que, ao sensibilizar a população por meio de educação ambiental, podemos ter um impacto positivo nas novas gerações e na proteção da nossa biodiversidade”, disse o profissional.

Importância da conscientização

Glauco ressalta que conscientizar a população sobre os impactos das queimadas é fundamental para trazer conhecimento sobre o tema, uma vez que nem todos têm a consciência sobre as consequências da prática.

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“Um exemplo claro disso é o aumento no preço do azeite, que está relacionado às mudanças climáticas, já que a seca nas regiões produtoras de oliveiras, como a Espanha, foi agravada por essas alterações. Esse é apenas um exemplo de como as mudanças climáticas afetam todos nós”, lembra.

O biólogo finaliza explicando a importância de sensibilizar a população e as esferas públicas sobre os impactos das queimadas.

“Cada um de nós pode agir para combater esses efeitos. É crucial para promover mudanças positivas para as futuras gerações. No entanto, além de conscientizar os cidadãos, é essencial também destacar o papel e a responsabilidade das esferas públicas. A mudança depende de todos nós”, finaliza.

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