Bolsonaro diz que família é feita por homem e mulher e cita lema do integralismo

27/10/2021 13:39
Por Eduardo Gayer / Estadão

A menos de um ano das eleições, o presidente Jair Bolsonaro estendeu acenos nesta quarta-feira (27) ao público mais conservador. Durante um evento de consagração de pastores no Amazonas, Bolsonaro defendeu que família deve ser formada pela união entre um homem e uma mulher e citou o lema “Deus, pátria e família”, lema do integralismo, movimento de caráter fascista do Brasil nos anos 1930.

“Hoje, qualquer ajuntamento de dois seres vivos passou a ser família. Família está definida na Bíblia, e não tem emenda na Bíblia”, declarou o presidente, sem considerar que o casamento homoafetivo já é reconhecido pela Justiça e realidade de várias famílias brasileiras. “Ninguém aqui vai perseguir ninguém, cada um que vá ser feliz, com sua consciência em paz. Agora, não queiram impor, eu não quero impor meu comportamento para ninguém, ninguém pode impor seu comportamento para nós também”, disse Bolsonaro sobre a população LGBTQIAP+.

O chefe do Executivo ainda afirmou que a Constituição estabelece que família é uma união entre homem e mulher. “Se não me engano, no artigo 236”. No entanto, este trecho da Carta Magna fala serviços notariais e de registro.

À plateia evangélica, Bolsonaro voltou a elogiar seu indicado para o STF, o pastor André Mendonça, cuja indicação está travada no Senado, e seu aliado Magno Malta, ex-senador, que estava presente. “Por opção dele não foi meu vice-presidente. Que falta faz o Magno Malta no Senado”, disse.

Hoje em suposta trégua com os outros poderes, depois de publicar uma “carta à nação” escrita pelo ex-presidente Michel Temer para amenizar as ameaças antidemocráticas dos atos de 7 de setembro, Bolsonaro defendeu seu direito de criticar membros do Legislativo e do Judiciário. “Não vamos criticar as instituições, mas as pessoas, por que não? Não podemos perder liberdade de expressão”, disse. “Hoje, tudo é fake news, tudo é ato antidemocrático.”

Em uma insistência de retórica, o presidente voltou a criticar as políticas de contenção do coronavírus tomadas por governadores e prefeitos, a dizer que a gasolina está cara no mundo todo, a defender a criação do auxílio emergencial e o que chama de “integração dos índios”. “Querem ser gente igual a nós, e são gente igual a nós”.

Economia

Um dia após o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, defender a diversificação das exportações brasileiras, Bolsonaro criticou a forma com que a venda de produtos nacionais ao exterior é feita atualmente. “Garotada de 40 anos, vocês vão ver quando tiverem 60, 70. Sem economia no Brasil, porque já exportamos tudo o que Deus nos deu a preço de banana e não agregamos valor para isso”, avaliou.

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