Bolsonaro se opõe a Lula, diz que se hospedou a ‘custo zero’ e mostra quarto

14/07/2022 11:07
Por Estadão

O presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou um vídeo para as redes sociais exibindo o quarto em que ficou hospedado na cidade de Imperatriz (MA), onde compareceu a um evento da Assembleia de Deus nesta quarta-feira, 13. Mesmo sem mencionar o nome de seu principal adversário na corrida eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ato serviu como uma provocação “indireta” sobre a acomodação utilizada pelo petista em sua estadia em Brasília, esta semana.

Como mostrou o Estadão, a suíte em que o ex-presidente ficou hospedado na capital federal, no hotel de luxo Meliá, tem 183 metros quadrados e custa mais de R$ 6 mil por dia. As despesas foram pagas com recursos do partido.

Bolsonaro, segundo o vídeo publicado em suas redes sociais, ficou hospedado no 50º Batalhão de Infantaria de Selva, em Imperatriz. Ele disse ter usado o gabinete do comandante e compartilhado a acomodação com sua equipe de segurança. Segundo o presidente, o custo foi “quase zero”.

“Preço da diária aqui: zero. É o gabinete aqui do comandante do batalhão (…) quase toda a segurança dorme comigo aqui no quartel também, o custo é quase zero. Estamos fazendo a nossa parte aí”, disse.

A suíte ocupada por Lula em Brasília, segundo anúncio do hotel, é destinada para hóspedes que querem se “sentir especiais”. Tem dois quartos, duas salas, uma cozinha completa, dois banheiros, um lavabo e dois halls. Há, ainda, uma sala de jantar para oito pessoas. A conta da hospedagem deve sair do Fundo Partidário. A socióloga Rosângela Silva, mulher de Lula, conhecida como Janja, se hospedou com o ex-presidente.

O Estadão questionou a assessoria do PT sobre o motivo de Lula ter escolhido a suíte presidencial. Em nota, o partido informou que, durante os deslocamentos do ex-presidente, providencia “locais de hospedagem capazes de atender também a sua equipe de apoio e os dirigentes políticos que o acompanham em suas agendas, com instalações adequadas para receber convidados e realizar reuniões (salas e auditórios)”. Destacou, ainda, que “todas as despesas relacionadas aos deslocamentos de seu presidente de honra são realizadas pelo PT, conforme a lei e rigorosamente informadas à Justiça Eleitoral, que as divulga”.

Motociatas

Ao falar em “custo quase zero” para hospedar toda a equipe de segurança, Bolsonaro evitou citar valores gastos com a comitiva. Como mostrou o Estadão ainda em maio do ano passado, até aquele momento, as viagens do presidente já haviam consumido R$ 1,67 milhão somente em diárias da equipe de segurança que o acompanha. Já pré-candidato à reeleição, Bolsonaro usou muitos compromissos agendados fora de Brasília para fazer política, como em 23 de maio, quando participou de uma motociata no Rio.

Do total consumido com diárias da equipe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) – R$ 1,67 milhão -, a maior parte (R$ 1,54 milhão) foi para militares. Na prática, as motociatas geram custos também a Estados e municípios. Em junho do ano passado, por exemplo, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que foram gastos mais de R$ 1,2 milhão com o reforço no policiamento para a motociata com o presidente realizada no sábado (12/06), na capital paulista e região de Jundiaí. Policiais das três forças de segurança estaduais foram convocados para garantir a segurança do presidente e a fluidez no trânsito.

Com frequência, Bolsonaro costuma explorar uma imagem “humilde” nas redes sociais. Além dos vídeos em hotéis, ele já publicou imagens comendo pastel, tomando caldo de cana, visitando bares de beira de estrada, entre outros. Em novembro do ano passado, porém, ele próprio fez uma gravação para mostrar a suíte de luxo em que ficou no Bahrein, no Oriente Médio. “Aqui a gente tem uma sala, uma sala aqui que (é) quase o tamanho do apartamento que eu morava no Rio de Janeiro. A cama bastante confortável, uma televisão (de) primeira linha.” A diária de R$ 46 mil, segundo Bolsonaro, foi paga pelo “rei do Bahrein”.

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