Bordadeiras do Brejal, Posse, participam de oficina-instalação no Rio; “Por um Fio” é um convite ao encontro entre mulheres e à troca de saberes ancestrais

Por Aghata Paredes

Quem passa pelo Brejal, na Posse, é surpreendido em todos os sentidos. Pela beleza rural e por seus moradores, principalmente. Um dos encantos que podem ser encontrados por lá diz respeito ao trabalho desenvolvido por bordadeiras, na Fazenda Vira-mundo, que fio a fio tecem mais do que linhas, sonhos e saberes.

A partir deste sábado (19), o público interessado em conhecer de perto o trabalho das bordadeiras do Brejal vai poder prestigiar diferentes bordados de palavras e desenhos, a partir de uma temática que contorno o corpo da mulher, o feminino e a maternidade, na Oficina-instalação Por Um Fio.

“Eu me sinto muito grata por poder participar desse evento e poder mostrar um pouco do meu trabalho. Enxergo o bordado como uma arte e a linha, como um caminho a ser seguido e aprendido.”, diz Sonia Regina Moura, bordadeira e moradora do Brejal, 54 anos.

Araci Carvalho, outra bordadeira e moradora da região, conta que se sente muito honrada em participar da oficina-instalação. “Cada dia é um aprendizado. Enxergo os pontos maravilhosos nas palavras e nos desenhos. Além disso, tudo que eu vejo imagino no bordado. Estou muito honrada em participar.”, conta.

Foto: Divulgação

Por um Fio será montado no espaço expositivo do primeiro andar do Centro Cultural Justiça Federal, na Avenida Rio Branco, 241 – Centro, Rio de Janeiro.

O convite é aberto a todas, aprendizes e sábias na arte de bordar; quem já pratica o bordado ou quem nunca teve contato com a técnica.

Nesta edição, haverá um intercâmbio entre bordadeiras da cidade e da zona rural, com a presença de Elza Santiago (Bordadeiras da Coroa/ RJ) e do Ateliê Arte em Comum (Brejal/ Petrópolis), além da participação do coletivo Mães de Manguinhos, convidadas, e de outros coletivos de bordados do Rio.

Foto: Divulgação

Poesia em forma de bordado

Mhyrna Boechat, do Coletivo em Silêncio, estará presente na mesa de bordados com proposições poéticas para o desenvolvimento de desenhos e palavras compartilhadas entre mãos bordadeiras.

“A mesa inclui uma grande variedade de cores e materiais e a atividade se desenvolve em processo de aprendizagem mútua e trocas afetivas. O contato com esse gesto, que retoma a experiência mais cotidiana e familiar, retoma também a intensidade do momento da passagem intergeracional dessa técnica. O encontro com a memória corporal do movimento das mãos e a produção de um registro no tecido evoca e atualiza sensações remotas, seja pelo ato de cuidado cotidiano ao cerzir peças, seja pelo ato inventivo e expressivo de produzir novas peças, o que desperta a vivência de uma temporalidade de cuidado e acolhimento.”, conta Mhyrna Boechat.

Corpo periférico

Lais é performer e bailarina negra, nascida e criada na Zona Oeste. A artista vai proporcionar ao público reflexões acerca do corpo periférico. Na sala anexa à oficina-instalação, o filme Fade Out do Olhar vai abordar noções de centro e periferia, também de autoria de Lais Castro.

Quem visitar a oficina-instalação pode esperar por uma viagem a partir de tecidos, linhas, adereços, agulhas, miçangas, além inúmeras trocas.

Ambiente intimista

Uma mesa com café e bolo, onde as pessoas se juntam para conversar e trocar ideias e saberes, completa a atmosfera em um ambiente intimista. Além disso, ao final da exposição, haverá a entrega de bordados dedicados às convidadas, Mães de Manguinhos.

Mais informações:

Abertura: 19 de novembro, às 15h; Oficinas sempre a partir das 14h
Local: Centro Cultural Justiça Federal
Endereço: Av. Rio Branco, 241 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Visitação: de terça a domingo, das 11h às 19h.
Telefone: (21) 3261-2550

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