Bosque do Imperador é abrigo para moradores de rua
Quem passa pela Praça Professor Pinto Ferreira, conhecida como Praça Bosque do Imperador, atrás do Cenip, percebe que algumas pessoas usam o local para dormir. Na manhã desta terça-feira (18), um grupo estava lavando roupas no chafariz e colocando as peças para secar nos arbustos.
“Trabalho nessa região há 49 anos e sempre observo que pessoas dormem na praça. Alguns chegam durante a noite e assim que amanhece, eles saem e passam o dia fora. Outros chegam bêbados e dormem o dia inteiro. Acredito que sejam moradores de rua que não tem onde ficar e acabam fazendo da praça as suas casas”, disse um taxista que preferiu não se identificar.
Um morador da região contou que a praça sempre foi usada como dormitório. “Isso acontece há muitos anos. Sempre reclamamos disso porque à noite, as vezes fica uma bagunça só. Não é um problema recente”, disse.
Registros como o da Praça do Bosque não são únicos na cidade. Em setembro, um grupo montou um acampamento na Praça da Liberdade, com barracas, cadeiras de praia e pedaços de papelão. Na ocasião, pessoas que passavam pelo local diariamente disseram que eles estavam acampados há dois meses.
60 pessoas são atendidas pelo CDDH diariamente
Dados do Projeto Pão e Beleza – Espaços de Cidadania, do CDDH – Centro de Defesa dos Direitos Humanos afirmam que, de março até hoje, 293 pessoas em situação de rua foram atendidas pelo Pão e Beleza, sendo destas, 34 mulheres. Hoje, em média, são realizados 60 atendimentos por dia. O projeto atende pessoas em situação de risco que ficam nas ruas e conta com uma equipe composta por uma coordenadora, um subcoordenador, um pedagogo, uma assistente social e dois educadores populares.
De acordo com Carla de Carvalho, membro da Coordenação Executiva, "Essa população, que é constantemente criminalizada, precisa conhecer os seus direitos e deveres aqui também buscamos contribuir para isso, mas sem pretender colocar neles as nossas expectativas".
Além de disponibilizar um local para higiene e banho, através do projeto, os moradores de rua têm acesso a três refeições diárias e oficinas de música e musicalização, português, matemática, saúde, ecologia, capoeira, direitos humanos, atividades esportivas, de artesanato e cursos de formação profissionais. O CDDH disse ainda que a equipe oferece orientação e esclarecimento para situações de documentação, encaminhamento para atendimento e acompanhamento médico e busca restaurar os vínculos familiares.
Ainda segundo o CDDH, o projeto existe desde 2003, mas ficou muitos anos sem recursos. No final de março de 2016 foi lançada a expansão do Pão e Beleza, a partir do financiamento do SESI- Conselho Nacional. Antes da expansão do projeto eram feitos, no máximo 15 atendimentos diários.