Brasil deve crescer menos no curto prazo, mas expandir 2,5% ao ano no médio prazo, projeta FMI
O crescimento da economia brasileira deve diminuir um pouco mais que o esperado no curto prazo, se recuperar posteriormente e alcançar 2,5% no médio prazo, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI). A análise faz parte de um relatório anual do órgão a respeito da economia brasileira, conhecido como Artigo 4.
Segundo as estimativas mais recentes do Fundo, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 2,1% neste ano – ou 0,1 ponto porcentual a menos do que o estimado pelo FMI no mês passado, no relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês). Para 2025, no entanto, a estimativa aumentou em 0,3 ponto porcentual, a 2,4%.
“Nos últimos dois anos, a economia brasileira demonstrou notável resiliência, com a inflação recuando para o intervalo da meta. O corpo técnico do FMI prevê que o crescimento modere no curto prazo, antes de se fortalecer e alcançar 2,5% no médio prazo”, afirmou o Fundo.
A avaliação do FMI é de que os riscos para as perspectivas de crescimento melhoraram desde o ano passado, e de que a reforma tributária, voltada à simplificação dos impostos, deve contribuir para melhorar a atividade econômica e a geração de emprego. No entanto, o Fundo pondera que os efeitos macroeconômicos e fiscais adversos da calamidade das enchentes no Rio Grande do Sul “ainda são incertos”.
“Um sistema financeiro sólido, reservas cambiais suficientes, a baixa dependência de endividamento em moeda estrangeira, as grandes reservas de caixa do governo e a taxa de câmbio flexível continuam a respaldar a resiliência do Brasil”, acrescentou.
Juros e inflação
As previsões do FMI para a inflação brasileira melhoraram. Se antes a estimativa era de alta de 4,1% do IPCA ao final deste ano, agora a projeção é de 3,7%, com a taxa convergindo à meta de 3% na primeira metade de 2026.
O fundo considera que o ritmo “cuidadoso de relaxamento da política monetária tem sido adequado e compatível com o sistema de metas de inflação”, e destacou que é prudente o Banco Central “manter a flexibilidade quanto ao ritmo e à duração do ciclo de redução dos juros”, tendo em vista que o mercado de trabalho segue aquecido e que as expectativas de inflação estão acima da meta.
O fundo também elogiou as iniciativas do governo federal para reduzir o déficit nas contas públicas, mas ressaltou que as medidas adotadas precisam levar em consideração não apenas o aumento da arrecadação, mas também a redução de despesas.
“Eliminar renúncias tributárias ineficientes, ampliar a base tributária e enfrentar a rigidez dos gastos abririam espaço para políticas prioritárias e para responder a choques e, ao mesmo tempo, apoiar a sustentabilidade da dívida pública”, acrescentou.
“Para posicionar a dívida pública em uma trajetória firmemente descendente e abrir espaço para investimentos prioritários, o corpo técnico do FMI recomenda um esforço fiscal sustentado e mais ambicioso, apoiado por medidas que visem tanto a receita como a despesa e um marco fiscal reforçado”, afirmou o FMI.