Caças da Rússia derrubaram drone americano, dizem EUA; russos negam

15/03/2023 08:07
Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

Os EUA acusaram na terça-feira, 14, a Rússia de derrubar um drone americano MQ-9 Reaper que sobrevoava o Mar Negro. Segundo o comando militar americano na Europa, o drone realizava uma operação de rotina quando foi interceptado e atingido por um caça Su-27.

Segundo o Departamento de Estado, os EUA convocaram o embaixador russo em Washington em protesto. O Ministério da Defesa da Rússia nega que tenha derrubado o drone. Na versão de Moscou, a aeronave sobrevoava uma área restrita e caiu na água após realizar uma manobra brusca, tentando escapar dos caças.

Autoridades americanas disseram que, antes do incidente, aviões russos teriam despejado combustível e voado na frente do drone “de forma imprudente”. “O caso demonstra falta de competência, além de insegurança e pouco profissionalismo”, disse o comando.

O general James Hecker, comandante da Força Aérea americana na Europa e na África, deixou claro que os EUA e seus aliados continuarão operando no espaço aéreo internacional e pediu aos russos que atuem “de maneira profissional e segura”.

O comunicado lembrou que o ocorrido segue uma tendência de ações perigosas empreendidas por pilotos russos quando interagem com aeronaves dos EUA ou de seus aliados no espaço aéreo internacional, incluindo sobre o Mar Negro. Esse comportamento, segundo destacou o comando americano, “pode levar a erros e a uma escalada não intencional” do conflito.

Críticas

Os EUA lembraram que suas aeronaves sobrevoam regularmente o território europeu e o espaço aéreo internacional em coordenação com os países aliados e de acordo com o direito internacional.

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, relatou o incidente ao presidente dos EUA, Joe Biden, segundo John Kirby, um dos porta-vozes da Casa Branca. Kirby explicou que este tipo de colisão não é incomum e, de fato, houve várias “nas últimas semanas”. No entanto, ele sustentou que esta é “notável” por ser “insegura” e “pouco profissional”.

A invasão da Ucrânia pela Rússia aumentou as tensões entre Moscou e Washington e transformou o Mar Negro, dominado pela Marinha russa, em uma zona de batalha. Moscou bloqueou os navios ucranianos dentro dos próprios portos, embora a Ucrânia tenha conseguido exportar parte de sua produção de grãos pelo Mar Negro após um acordo assinado em julho.

Otan

Ao mesmo tempo, a Ucrânia atacou navios de guerra russos na região, bem como no porto, principalmente em abril, quando um míssil ucraniano afundou o Moskva, o principal navio da frota russa no Mar Negro, um ataque que afetou a aura de invencibilidade naval de Moscou.

A guerra também galvanizou os países da Otan, principalmente ao fortalecer os laços entre Washington e os membros da aliança que fazem fronteira com a Rússia, incluindo Polônia e os países Bálticos – Lituânia, Estônia e Letônia.

Os membros da Otan despejaram bilhões de dólares em ajuda militar para apoiar a defesa da Ucrânia, mas, ao mesmo tempo, a aliança tentou evitar o confronto direto com Moscou, o que poderia escalar rapidamente para um conflito nuclear.

Um momento de crise ocorreu em novembro, quando um míssil ucraniano, usado para defender o país de um ataque aéreo russo, explodiu em uma fábrica de grãos polonesa logo na fronteira, matando duas pessoas.

Perdas no ar

Os EUA usam drones MQ-9 Reapers tanto para vigilância quanto para ataques e têm operado esse equipamento em vários locais, incluindo no Oriente Médio e na África. Outros países, como Reino Unido e França, também usam Reapers.

Vários MQ-9s dos EUA foram perdidos nos últimos anos, alguns por causa de ações hostis. Uma aeronave foi abatida em 2019 sobre o Iêmen com um míssil terra-ar disparado por rebeldes houthis, que também dispararam sem sucesso contra outros drones americanos alguns dias depois, de acordo com o Comando Central dos EUA.

Segundo relatos da imprensa americana, um drone MQ-9 caiu na Líbia, em 2022, enquanto outro se perdeu durante um exercício de treinamento na Romênia, no início do ano. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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