Cães e gatos podem contrair febre amarela?

25/01/2018 10:00

O aumento do número de casos de febre amarela nas últimas semanas têm preocupado também os donos de pets. Será que cães e gatos também podem contrair a doença? A resposta é não. Os pets não correm risco algum de contrair ou transmitir a febre amarela. No ciclo silvestre da doença são os macacos que agem como hospedeiros, ou seja, eles podem contrair a doença através da picada, mas quem transmite é apenas o mosquito. 

O que transmite a doença para o macaco no ciclo silvestre são os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. No ciclo urbano os humanos são os únicos hospedeiros, e podem contrair a doença pela picada do Aedes aegypti infectado. Mas é muito importante destacar que o macaco não é transmissor da doença, ele é uma vítima assim como os humanos. 

De acordo com o Ministério da Saúde, desde os anos 40, o Brasil não registra casos de transmissão da febre amarela pelo Aedes aegypti. Os casos registrados que temos hoje no país é do mosquito silvestre, transmitida pelo Haemagogus e Sabethes, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios, por isso a prevenção é mais difícil. 

Como em Petrópolis estamos muito próximos as matas e em alguns lugares as margens dos rios, é muito importante adotar medidas para evitar a contaminação. Alguns locais comuns para as pessoas e os animais, podem ser um meio de atração de mosquitos para dentro de casa. Deixar a água do potinho do pet parada por muito tempo não é indicado: troque várias vezes ao dia ou ofereça a água em horários específicos, evitando assim acumular larvas do mosquito. Vasos de plantas e recipientes para oferecer água para passarinhos – como aqueles comuns para beija-flor- também não devem acumular a mesma água por muito tempo. É necessário que ela seja trocada mais vezes ao dia, para que não dê chance de proliferação das larvas do mosquito. 

Os mosquitos ainda são um perigo para os pets

Apesar dos animais domésticos estarem livre da febre amarela, o cuidado e a prevenção dos focos do mosquito é importante também por um outro motivo. Nos pets os mosquitos são vetores de outra doença: dirofilariose ou doença do coração. Transmitida pelo gênero de mosquito Culex ou Aedes, incluindo a espécie aegypti, a doença é uma zoonose que afeta preferencialmente cães, sendo mais rara em gatos e nos homens. 

A médica veterinária Priscila Mesiano, da Clínica Amigo Bicho, explica que a doença é mais comum na região litorânea, mas como as condições climáticas da região serrana vem se modificando é possível que a doença apareça por aqui.“A princípio as condições climáticas da região serrana não eram propícias para o crescimento da dirofilariose dentro do mosquito vetor, mas com a mudança climática laboratórios já estão começando a registrar casos da doença na região. Por isso, é importante a realização da prevenção, pois o tratamento é demorado e pode matar”, destacou. 

A Dirofilariose canina é uma doença potencialmente fatal que tem como agente o parasita Dirofilaria immitis encontrado em mais de 30 espécies pelo mundo inteiro, incluindo os humanos. No entanto, os cães são os mais afetados. Segundo a veterinária, o modo mais comum de transmissão da doença de um animal para o outro é através da picada de mosquitos culicídeos. Estes, podem carregar larvas infectantes e, ao picarem os cães para se alimentarem de sangue, transmitem a infecção que penetram pelo tecido subcutâneo e muscular do animal e, através dos vasos sanguíneos, atingem o coração. 

Priscila destaca que lesões severas podem se desenvolver antes mesmo que os sinais sejam percebidos pelos donos dos cães. Se for diagnosticada cedo, a dirofilariose pode ser tratada com sucesso. Nos estágios mais avançados, o cão pode ser tratado, só que a recuperação total se torna mais difícil. 

Por isso, a prevenção a picada do mosquito continua sendo a melhor solução. “A prevenção pode ser feita por meio da utilização de pipetas repelentes a cada 30 dias ou coleiras repelentes de mosquito. A utilização de citronela em spray no animal também é um bom adjuvante, porém sozinha não é o suficiente. Além disso os cuidados básicos com o ambiente para evitar o acúmulo de água parada que não haja a deposição de ovos de mosquito”, completou Priscila. 

Ainda que o tutor não precise se preocupar com a febre amarela nos seus bichinhos, todo cuidado é pouco para evitar a exposição deles ao contato com os mosquitos que podem transmitir doenças. Qualquer dúvida procure sempre seu veterinário e converse sobre os riscos e melhores métodos de cuidados para seu animal. 

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