Cães também podem ter traumas psicológicos; veja como agir
Os traumas psicológicos são respostas emocionais a eventos que causaram feridas na memória e acabam tornando a vida ainda mais difícil, visto que pessoas podem ter uma série de emoções negativas após o ocorrido. Infelizmente, nem os cães estão livres disso.
Segundo Jade Petronilho, médica veterinária e coordenadora de conteúdo da Petlove, diversos episódios podem causar traumas nos pets e, por isso, é importante ficar atento e tomar alguns cuidados.
Ela explica que quando os cães são filhotes é o período mais sensível. “Nessa fase, eles absorvem muitas informações, boas e ruins, e podem levar esses aprendizados para toda a vida.”
“Quando falamos de traumas, estamos falando também de algo que pode ser individual, ou seja, nem sempre o que traumatiza um pode ser um problema para outro”, pondera.
Contudo, a especialista pontua que existem casos óbvios que podem gerar traumas, como maus-tratos e certos métodos de punição, mas também há coisas que podem passar despercebidas.
“O que, para nós, pode parecer sem importância, para alguns pets pode ser motivo de traumas como, por exemplo, um objeto que cai próximo a ele e o deixa com medo de passar naquele local, uma abordagem mais intensa de outro cão, um ser humano que grita ao telefone.”
Os animais também pode ter medos comuns, como de chuva ou trovão. “Precisamos transmitir segurança aos nossos pets, mas, ao mesmo tempo, precisamos lembrar que proteção demais pode ser um problema” (veja ao final desta matéria dicas de como agir para evitar traumas).
Consequências dos traumas
Cada trauma pode gerar consequências futuras no modo do animal agir. Se, por exemplo, um cachorro que for punido por fazer as necessidades no local errado, ele pode passar a segurar ao máximo suas necessidades.
Além disso, ele pode não conseguir mais defecar em casa e precisar sair diversas vezes por dia para se aliviar ou até mesmo passar a comer fezes como forma de “esconder” o que fez. Nesse caso, a especialista reforça que o caminho é educar, e não punir.
Outro exemplo é quando os pets ficam sozinhos em casa durante uma tempestade ou queima de fogos. No futuro, eles podem ter fobia de sons parecidos.
“Vale lembrar que cães que latem para os fogos também são cães que possuem medo, ou seja, eles entendem que o latir pode fazer com que o som vá embora mais rapidamente e ele acaba sendo estimulado a latir sempre que o som é emitido.”
Jade também conta que animais que se envolveram em brigas com outros cães ou sofreram maus-tratos de humanos podem demonstrar medo ou agressividade sempre que encontrar um animal/pessoa com perfil similar.
Como identificar
Segundo a especialista, os pets costumam dar sinais claros quando algo está errado. “Infelizmente, a maioria dos humanos não sabe como percebê-los.”
“Se o pet tenta se esconder ou se esquivar de algo, o ideal é que não forcemos a situação e que seja consultado um médico veterinário comportamentalista ou um profissional de comportamento animal para lidar com o tema da melhor forma possível.”
Ela frisa que o trauma é algo sério e, portanto, não deve ser banalizado. “Assim como ocorre com os seres humanos, os pets podem sofrer impactos profundos por conta deles e é nosso dever protegê-los e minimizar os danos causados.”
Dicas e cuidados para evitar traumas
É importante estar sempre atento ao seu animal de estimação, especialmente quando ele ainda é um filhote. Sempre que for introduzir elementos novos na vida do pet é interessante fazer isso de forma atrativa.
“Nós sabemos que um guarda-chuva nos auxilia em dias de chuva, mas o pet não tem como entender que algo que abre do nada, de forma abrupta, com rapidez e acompanhada de um barulho, não é algo a temer”, pontua Jade.
Ela ainda reforça que alguns traumas podem ser difíceis de esquecer e outros até irreversíveis. “O ideal é evitar que os pets passem por situações desagradáveis, mas como sabemos que isso é praticamente impossível, cabe a nós tentarmos ao menos minimizar os efeitos deles.”
Confira cinco dicas para evitar que seu companheiro fique traumatizado:
– Foque em coisas boas e positivas no exato momento em que o trauma ocorreu;
– Depois do episódio, faça acompanhamento do médico-veterinário comportamentalista ou um bom profissional de educação canina;
– Quando for levá-lo a locais novos, como clínicas e hospitais, ofereça uma experiência boa, com conversa, carinho e diversão;
– Apresente objetos, pessoas e animais novos junto com recompensas, como carinho, petiscos e palavras faladas em tom amistoso;
– Demonstre segurança para ele frente a desafios e sempre o encoraje a superar determinados obstáculos.